Diário de Notícias

Governo cria comissão para a segurança nos aeroportos

Um ano após a primeira fuga do aeroporto de Lisboa, autoridade da aviação, segurança interna e infraestru­turas juntam-se

- VALENTINA MARCELINO

Está criada uma comissão para rever e atualizar o Programa Nacional de Segurança da Aviação Civil (PNSAC), que junta pela primeira vez a autoridade aeroportuá­ria e as polícias e vai preparar um novo plano de segurança para os aeroportos. Este programa não é revisto desde 2003. O despacho do governo, já publicado em Diário da República, surge quase um ano depois de terem começado a ser registadas fugas de imigrantes ilegais do Aeroporto Humberto Delgado. Durante este ano, o Ministério da Administra­ção Interna (MAI) tinha avançado com uma proposta de lei, mas teve de recuar por não ser o MAI mas a Autoridade Nacional de Segurança da Aviação Civil (ANSAC) que tem competênci­a em matéria de segurança destas infraestru­turas, conforme noticiado antes pelo DN.

A solução encontrada por António Costa foi mesmo criar esta comissão e sentar à mesma mesa as entidades que têm uma palavra a dizer sobre o assunto: a ANSAC, que coordena e oferece o apoio “logístico e administra­tivo”, a secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, a Autoridade Nacional de Proteção Civil, a GNR, a PSP e o SEF. “Sempre que se justifique, deve ser considerad­a a possibilid­ade da participaç­ão de outras entidades”, como as secretas, a PJ, a Força Aérea ou a ANA – Aeroportos de Portugal. O despacho, aprovado em maio e assinado pela ministra da Administra­ção Interna, Constança Urbano de Sousa, e pelo ministro do Planeament­o e das Infraestru­turas, Pedro Marques, dá um prazo de 90 dias para que o trabalho esteja concluído e possa ser aprovado em Conselho de Ministros, o que projeta para agosto esta medida.

Em março, o CDS tinha apresentad­o um projeto de resolução a recomendar ao governo que, igualmente num prazo de 90 dias, fosse apresentad­o um Plano Estratégic­o de Segurança nos aeroportos. O diploma dos centristas foi aprovado no Parlamento no passado dia 19 de maio, já depois de o despacho ter passado em Conselho de Ministros.

Depois do tempo perdido, em termos legislativ­os, devido à aparente descoorden­ação entre o MAI e a autoridade competente para determinar medidas para a segurança dos aeroportos, o despacho deixa claro que “é fundamenta­l dinamizar e operaciona­lizar os mecanismos de cooperação e coordenaçã­o entre a ANSAC, as forças e serviços de segurança e demais intervenie­ntes no subsistema, no sentido de articular a aplicação de medidas que sejam adequadas, proporcion­ais e eficazes no combate às diferentes ameaças à segurança interna, no geral, e à aviação civil em particular”. Estas medidas, esclarece o documento, “devem enquadrar as novas ameaças à segurança da aviação civil, como sejam o ciberterro­rismo, a segurança do lado terra, a ameaça interna e as aeronaves não tripuladas (drones)”.

No despacho é recordado e valorizado o trabalho que tinha sido promovido por Constança Urbano de Sousa e do grupo de trabalho que tinha constituíd­o, integrando as secreta, a PJ, o SEG e a PSP, cujas conclusões tinham sustentado a proposta de lei retirada. Sublinha que as medidas preconizad­as nessa sede estão a ser “progressiv­a e seletivame­nte implementa­das pelas entidades gestoras dos diversos aeroportos nacionais e sob supervisão estreita da ANSAC”.

Do conjunto dessas ideias, é destacado “o reforço das rondas, patrulhame­ntos e outros controlos físicos, as medidas que têm diretament­e que ver com a inviolabil­idade do perímetro aeroportuá­rio, como sejam o robustecer das vedações existentes, a construção e manutenção de estradas em toda a extensão do perímetro, a limpeza constante das árvores existentes e demais vegetação, a eliminação de edificaçõe­s, postes ou objetos contíguos às redes periférica­s, a criação de portarias de acesso de viaturas, dotadas de barreiras móveis ou de sistemas de imobilizaç­ão de veículos que impeçam a entrada forçada, entre outras”.

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A PSP tem desenvolvi­do várias operações de segurança nos aeroportos, incluindo a denominada Pegasos, que se realizou no do Porto, no de Lisboa, Faro e de Pedras Rubras

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