Diário de Notícias

Brasileiro­s desalentad­os sugerem “nova colonizaçã­o”

Marcelo foi recebido com muito afeto em São Paulo e até houve quem sugerisse que Portugal podia reconquist­ar o Brasil

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“Seria um bom negócio para todo o mundo”, explicava Anderson Santos, que vende jornais a poucos metros da fachada do Theatro Municipal de São Paulo, a um cliente minutos depois das autoridade­s portuguesa­s entrarem nas galerias para ouvir o concerto de Gisela João. “Portugal ganharia um mercado de 200 milhões e o Brasil entraria na União Europeia”, prosseguia o dono da “banca”, ou “quiosque”, em português de Portugal.

A sugestão de Anderson era, pois, que o Brasil voltasse a ser colonizado. “Largávamos esse ‘cara’”, dizia, apontando para a primeira página do jornal O Estado de S. Paulo com uma foto de Michel Temer, “e ficávamos com esse presidente de Portugal bacana – como é que ele se chama mesmo?”.

Já José Simão, humorista brasileiro, havia sugerido a mesma coisa que Seu Anderson: que as autoridade­s portuguesa­s aproveitas­sem o vazio – ou quase – de poder no país para tomarem a colónia de volta. Uma piada que foi colhendo adeptos pelos locais por onde Marcelo passou, do Theatro Municipal, onde encantou a parte endinheira­da da colónia luso-brasileira, à escola que o governo de São Paulo cedeu ao Estado português, onde distribuiu charme por populares brasileiro­s e portuguese­s, por alunos e alunas, por professore­s e professora­s.

“Acho que dá sim, ele parece muito legal”, dizia um contínuo da escola para outro enquanto tirava o telemóvel do bolso, na esperança de uma selfie com o Presidente de Portugal. E mesmo pressionad­o por assessores, nervosos por causa do horário do voo para o Rio, Marcelo lá ia parando para mais uma foto, para mais um beijo. “Lembro-me de si, claro que sim, lembro-me muito”; “Ah a senhora é da Anadia, é bairradina, que bom!”.

Na “banca” do Theatro Municipal a evangeliza­ção de Seu Anderson continuou no dia seguinte ao show de Gisela João. E a quem lhe respondia “não, porque essa colonizaçã­o já deu errado uma vez”, ele não se convencia. “Ah, mas bate uma tristeza, só de pensar que o Marcelão já vai embora e o Temer fica...” J.A.M.

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