Exportações de vinho cresceram 8% no primeiro trimestre
Crescimento nos extracomunitários compensa quebra de vendas na UE. Só para o Brasil, vendas aumentaram 84,5%
ILÍDIA PINTO As exportações portuguesas de vinho estão a crescer 8,1% em valor e 3,9% em volume. Os dados são do primeiro trimestre e mostram que Portugal vendeu 625 983 hectolitros no valor de 163,3 milhões de euros. A França continua a ser o principal destino dos vinhos portugueses, embora esteja a cair 2,4%, e a grande surpresa é a retoma do mercado angolano, que mais do que duplica face a igual período do ano passado, num valor de quase 9,5 milhões de euros. O preço médio está a subir 4%, para 2,61 euros por litro.
“Estes dados são um bom sinal para os vinhos portugueses, que estão com um enorme dinamismo e grande reconhecimento internacional. E os números das exportações espelham bem esse sentimento positivo dos especialistas na área e dos próprios operadores. No último ano, isso não se refletiu tanto por causa do mercado angolano, mas tudo indica que as coisas vão continuar a correr bem”, diz o presidente do Instituto da Vinha e do Vinho.
Frederico Falcão desvaloriza a quebra nos mercados europeus, sublinhando que “há que olhar com alguma reserva para resultados trimestrais”. Nos primeiros três meses do ano, os vinhos portugueses registaram uma quebra de 3,6% em valor e de 11,4% em volume nos destinos comunitários, que, com 89,2 milhões de euros, absorvem mais de metade das exportações. “O mercado está estável e a crescer, mas basta uma exportação a mais ou algum bloqueio para os influenciar”, acrescenta o presidente do IVV.
Em contrapartida, os mercados extracomunitários estão a crescer quase 30%, tanto em valor como em volume. A liderar as subidas estão os Estados Unidos, com um crescimento de 23,2%: no ano passado, foram o terceiro maior destino das exportações de vinho, este ano estão em segundo lugar. Mas o país é dos que melhor remunera o produto: mesmo com a quebra de 3,5%, o preço médio pago pelo vinho português nos EUA é de 3,75 euros/litro.
Já o mercado angolano teve um acréscimo de vendas de 130%. Os operadores consideram que terá havido uma libertação de divisas que permitiu desbloquear algumas vendas, mas a grande incógnita é se esta situação é ou não sustentável. Tirando o ano de 2016, em que as vendas de vinhos para Angola caíram quase 70% em volume e 60% em valor, desde 2011 que este mercado se assume como o maior comprador de vinhos nacionais em volume, porque quanto ao valor o lugar principal no pódio é da França. Angola comprou nos primeiros três meses do ano 59 785 hectolitros de vinho, no valor de 9,5 milhões de euros. E o preço médio neste mercado está em quebra: passou de 1,61 para 1,58 euros por litro.
Também o Brasil está em franca recuperação, com um aumento de 84,5% nas compras de vinhos portugueses. Para o Brasil foram 31 649 hectolitros, no valor de oito milhões de euros, com o preço médio a cair 3,5%, para os 2,54 euros o litro. Há que ter em conta que o Brasil taxa fortemente a entrada de produtos estrangeiros no país, chegando o vinho a ser vendido oito vezes mais caro do que o preço na origem. Para Frederico Falcão, o crescimento das exportações para o Brasil será resultado do dinamismo do mercado: “Apesar de os vinhos portugueses chegarem às prateleiras com margens muito altas, há muitos novos Só no primeiro trimestre, Portugal exportou mais de 163 milhões de euros em vinho importadores de vinho no Brasil e que são muito ativos. E sente-se que os produtores olham para este mercado com otimismo”, diz.
Renata Abreu, diretora de exportação da José Maria da Fonseca, admite que a performance menos positiva de alguns mercados europeus pode estar a levar as empresas a “focarem-se em mercados historicamente ligados a Portugal” e destaca o papel do turismo. “O turismo tem ajudado bastante a divulgar o que de melhor se produz em Portugal, aproximando o consumidor brasileiro dos nossos produtos e dando confiança através da sua qualidade”,