Os bons líderes são como pão para a boca
Aconfusão (desordem, atrapalhação, embaraço...) não é má em si, pode ser sinal de reação contra a fraqueza. Mais vale estrebuchar do que ficar quietinho na derrota evidente.Triste é a estupidez, uma espécie de confusão que leva sempre a maus caminhos. Duas campanhas eleitorais recentes ilustram a procura da rolha dos europeus perante situações que não entendem. No Reino Unido, dois líderes, Cameron e May, num ano, foram notoriamente estúpidos. Sem necessidade, Cameron chamou a um referendo que não queria, só para se livrar da oposição de um pequeno grupo de desmiolados, o UKIP, que lhe mordia as canelas. A falta de visão levou ao brexit, uma decisão que nenhum partido, dos não bêbados, queria. No ano seguinte, May repetiu o disparate, também chamou a eleições a que não era obrigada e, tendo perdido a aposta, vê-se enfraquecida para cumprir o mandato de defender o seu país nas negociações do
brexit. O resumo da estupidez repetida: o Reino Unido ficou agarrado a uma política definitiva, o brexit, quando o único partido que o defendia não tem hoje um só (nem um!) deputado. Segundo exemplo: em França, um partido que não existia há poucos meses confirmou, ontem, a maioria absoluta no próximo Parlamento. Ambos os fenómenos radicais confirmam que a Europa anda atrapalhada com o mundo novo. Mas um está grávido de esperança, o povo deu oportunidade a um líder que quer mudar. No outro, a tolice de dois líderes levou a um mau destino irrevogável.