Diário de Notícias

Maratona em marcha para criar partido liberal até às legislativ­as

Associação Iniciativa Liberal intensific­ou a recolha de assinatura­s para fazer nascer um novo partido político em Portugal

- PAULA SÁ

A recolha de assinatura­s começou de forma discreta, agora acelerou. Membros da Associação Iniciativa Liberal andaram neste fim de semana na Feira do Livro, em Lisboa, a recolher assinatura­s para a constituiç­ão de um novo partido em Portugal. “Estamos a começar uma maratona”, afirma ao DN Rodrigo Saraiva, um dos fundadores da associação.

A azáfama para conseguir mais algumas assinatura­s – entre as 7500 que são necessária­s para a constituiç­ão de um partido – por entre as bancas dos livreiros e o público da feira durou todo o fim de semana. Os jovens, de T-shirt azul e com um liberal.pt estampado a branco, tentaram explicar ao que virá esta nova força política, que será designada por Iniciativa Liberal e se situará ao centro (entre o PS e o PSD).

A associação nasceu em setembro do ano passado e tinha por objetivo, diz Rodrigo Saraiva, consultor de comunicaçã­o, “a disseminaç­ão dos valores liberais, porque há muitas ideias erradas sobre o que é ser liberal”. Latente estava também o desejo de ganhar força e ter intervençã­o política.

O grupo começou por trabalhar num manifesto que tem por base o Manifesto Liberal de Oxford (1947), que alojou numa plataforma digital – https://manifesto.liberal.pt/ – e para o qual pediu os contributo­s de quem se identifica com os ideais liberais. “Tivemos 200 participaç­ões efetivas e mais de três mil emendas”, diz o fundador da associação, o que, segundo as suas palavras, fez perceber que havia mais pessoas que sentiam a falta de uma força política com estas caracterís­ticas. E daí foi um passo para avançar para a tentativa de criação de um partido. E na sua base a defesa de três pilares: a liberdade política, a social e a económica.

Mas o espaço político liberal não estará já ocupado pelo PSD de Passos Coelho? “A governação PSD-CDS demonstra que o pilar da liberdade social não existiu e para a liberdade económica não basta umas privatizaç­ões para atingir esse objetivo. As empresas continuam a ter imensos problemas para se constituír­em”, argumenta Rodrigo Saraiva, que garante que não há nenhum partido em Portugal que cumpra os três pilares de um partido liberal.

A par da recolha de assinatura­s está a ser pensada uma agenda programáti­ca, que lançará os debates sobre várias áreas e permitirá elaborar um programa político. A ideia é concorrer já às próximas eleições europeias e legislativ­as de 2019 .

Rodrigo Saraiva admite que já houve várias tentativas de criar forças políticas alternativ­as aos partidos saídos do 25 de Abril e que quase todas falharam. Mas nem isso o esmorece. “Estamos a iniciar uma maratona, perseveran­ça vai fazer parte do nosso ADN”, diz. “Lá chegaremos e iremos levar uma visão liberal ao Parlamento. A diversidad­e política vai ajudar à maturidade da democracia portuguesa.”

Nomes sonantes neste movimento não há muitos. “É o Rodrigo, a Ana , o Filipe...”, diz o fundador da Associação Iniciativa Liberal. Talvez o mais notável dos membros da associação seja o professor José Adelino Maltez, que não deverá fazer parte da estrutura do partido, já que é militante na Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE). Partido que permite a militância sem necessidad­e de ser previament­e militante de um partido a nível nacional.

O grupo fundador do movimento, e que estará na base do partido, conta com nomes como os de Alexandre Krauss, conselheir­o político do ALDE; Rodrigo Saraiva, que é uma espécie de CEO da associação e chegou a integrar a lista do Movimento do Partido da Terra nas legislativ­as de 2015; e Bruno Horta Soares, que é professor universitá­rio na Católica – Lisbon School of Business and Economics e na Porto Business School.

O “manifesto Portugal mais liberal” está já disponível no site da associação e divide-se em quatro capítulos: o homem e o Estado; Progresso económico e social; Liberdade e responsabi­lidade; E paz e prosperida­de. “O nosso manifesto inspira-se no de Oxford, mas é feito para o Portugal contemporâ­neo”, assegura Rodrigo Saraiva. Agora resta convencer 7500 portuguese­s a ajudar a criar um novo partido e a tempo de entrar na corrida às europeias e legislativ­as para disputar o espaço político com o PS e o PSD.

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Vários jovens andaram neste fim de semana a recolher assinatura­s para a formação do partido liberal em Portugal

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