Passos critica Lacerda na TAP, governo defende gestor
Passos critica Lacerda na gestão da companhia, governo defende-o. Esmeralda Dourado e Bernardo Trindade a caminho da TAP
As alterações à estrutura de gestão da companhia aérea portuguesa mereceram duras críticas ao líder do PSD. Não pela confirmação de Miguel Frasquilho para chairman, mas pela inclusão de Diogo Lacerda Machado na administração da TAP, que Passos Coelho considera “uma vergonha”, já que o advogado e amigo do primeiro-ministro foi precisamente “o homem nomeado pelo governo” de António Costa para negociar o processo de reversão da privatização da transportadora. “É uma pouca vergonha”, afirmou o líder da oposição, acrescentando que “fica tão mal a quem nomeia como a quem aceita” o cargo e que a decisão “fica como uma nódoa na nova administração”. Questionado sobre a escolha do ex-presidente da AICEP e ex-vice-presidente do grupo parlamentar do PSD para chairman, Passos disse simplesmente que “uma coisa não tem nada que ver com a outra”.
O governo reagiu ao final da tarde, saindo em defesa do advogado e amigo de Costa. Diogo Lacerda Machado “já deu provas de saber negociar vários dossiês complexos, mas sobretudo saber interpretar bem os interesses públicos”, afirmou Pedro Marques em declarações à Lusa. “Pouca vergonha é Passos Coelho nunca ter explicado aos portugueses porque é que privatizou a TAP pela calada da noite e já com o seu governo demitido”, afirmou o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, acusando o governo anterior de ter entregado a TAP “a privados, ficando o Estado com os riscos financeiros da situação futura” da empresa. “Essa opção, essa pouca vergonha, obrigou-nos a uma negociação muito dura, muito difícil e muito longa, com os acionistas privados, que concluímos com sucesso, recuperando para o Estado a posição de maior acionista da TAP”, disse, recordando que Lacerda Machado acompanhou o governo nessas negociações.
Ontem à noite, no espaço habitual de comentário na SIC, Marques Mendes revelou que Esmeralda Dourado, administradora da SAG, Bernardo Trindade, ex-secretário de Estado do Turismo, e António Menezes, ex-CEO da SATA, deverão juntar-se ao lote de administradores não executivos indicados pelo Estado. Os nomes de Miguel Frasquilho, Lacerda Machado e Ana Pinho (presidente da Fundação Serralves) foram confirmados neste fim de semana por Pedro Marques.
Questionado ontem no Canadá sobre o seu futuro quando a nova administração da TAP entrar em funções – a assembleia geral está marcada para o dia 30 deste mês –, o presidente executivo da companhia, Fernando Pinto, explicou que o cargo de CEO “depende totalmente dos acionistas”. À frente da empresa desde 2000, o responsável disse-se satisfeito com o trabalho feito nestes 17 anos, sublinhando: “Cumpri a minha missão.” Agora, acrescentou, as companhias aéreas têm “novas missões todos os dias” e “o meu desafio continua até ao último dia em que estiver na TAP” e sempre “com muito entusiasmo, com muito interesse”.
“A TAP ganhou grande impulso desde a privatização e tem crescido”, disse o CEO no voo inaugural da rota para Toronto, a 10 de Junho, destacando que esta é uma “empresa de serviço” que “leva alegria a uma nova comunidade” e que “poder fazer isso é maravilhoso”. No Dia de Portugal, a TAP inaugurou quatro novas rotas. Além de Toronto, com cinco voos semanais, a companhia aérea oferece agora voos diretos de Lisboa para Estugarda, na Alemanha, e Gran Canaria e Alicante, em Espanha. Destinos que prometem contribuir para manter os sucessivos recordes no número de passageiros transportados pela companhia aérea. Nos primeiros cinco meses deste ano, foram 5,17 milhões, mais 1,1 milhões de pessoas do que no ano passado, o que revela um crescimento de 27%.
Números que a transportadora justifica com os resultados das rotas de médio curso em maio – mais 47% para Espanha, 29% para o Reino Unido e 13,6% para Itália e Croácia –, mas especialmente com as ligações à América do Norte. Só para os EUA, foram mais 56 mil passageiros até ao mês passado, o que revela um crescimento de 143%, metade do aumento verificado no conjunto das rotas intercontinentais da companhia aérea portuguesa. Com J.P.