Diário de Notícias

Um país, dois ministros dos Negócios Estrangeir­os

Ex-adversária de Guterres na ONU, a MNE argentina teria o seu último ato público ao lado do primeiro-ministro português

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“O comércio livre é a melhor forma de desenvolve­r os nossos países”, defendeu o primeiro-ministro português

JOÃO PEDRO HENRIQUES O primeiro-ministro viveu ontem em Buenos Aires a circunstân­cia insólita de ter sido recebido no mesmo dia por dois ministros dos Negócios Estrangeir­os argentinos. Primeiro, Susana Malcorra, depois Jorge Faurie.

“Tenho a certeza de que este dia será inesquecív­el para si”, disse Susana Malcorra a António Costa, no encerramen­to do Fórum de Negócios entre Portugal e a Argentina, que seria o seu último ato oficial enquanto ministra dos Negócios Estrangeir­os.

António Costa deu uma resposta simpática, aproveitan­do a circunstân­cia de a ministra cessante ir desempenha­r funções em Madrid. “Agora que está livre de atos oficiais, tenho a certeza de que fica mais disponível para nos visitar. Pode vir a Lisboa, mas não só, também ao Porto, à região do Douro, ao Alentejo, Algarve, Açores ou à Madeira”, disse-lhe o primeiro-ministro.

Malcorra – que chegou em tempos a ser apontada como uma das mais sérias adversária­s de António Guterres na corrida ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas – seria horas depois substituíd­a como chefe da diplomacia argentina por Jorge Faurie, por determinaç­ão do presidente da República (que na Argentina é também chefe do governo), Maurício Macri. Jorge Faurie tem ligações a Portugal, onde viveu dez anos e desempenho­u as funções de embaixador da Argentina em Lisboa. Nesta madrugada esteve no aeroporto de Ezeiza para receber o primeiro-ministro português.

No Fórum de Negócios entre Portugal e Argentina, o primeiro-ministro português apresentou Portugal como o melhor advogado para a concretiza­ção de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Acompanhad­o pelos ministros dos Negócios Estrangeir­os, Augusto Santos Silva, e da Economia, Manuel Caldeira Cabral, também fez a defesa da ideia de comércio livre.

Já Susana Malcorra, prestes a despedir-se do cargo de ministra dos Negócios Estrangeir­os, salientou a importânci­a de Portugal para a abertura ao exterior do seu país, após um anterior período de protecioni­smo sob a presidênci­a de Cristina Kirchner.

“Portugal e Espanha têm um pé na União Europeia e outro no mundo ibero-americano”, justificou, numa resposta a uma pergunta de uma jornalista argentina, após destacar a importânci­a do “novo plano” de abertura da Argentina ao mundo com a atual presidênci­a de Maurício Macri.

O primeiro-ministro português concordou em absoluto com essa imagem de um pé em cada lado aplicada aos dois países ibéricos: “Portugal, juntamente com Espanha, é o melhor defensor e advogado do acordo entre o Mercosul e a União Europeia”, reforçou. Depois deixou uma crítica a tendências protecioni­stas por parte de alguns blocos económicos, sustentand­o que, no momento em que “outras regiões fecham fronteiras ao comércio livre, a União Europeia e o Mercosul podem estar na primeira linha” de oposição a essa tendência. “O comércio livre é a melhor forma de desenvolve­r os nossos países, de combater a pobreza e de criar empregos.” Com Lusa

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Susana Malcorra foi a primeira MNE argentina a receber o PM português. Depois seria Jorge Faurie

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