Diário de Notícias

Expo’98 inspira cidade polaca sobre reabilitaç­ão urbana

Lodz concorre à organizaçã­o da Expo’22. No sábado começou a Expo Astana

- MARTA VELHO

Em 1998, Lisboa organizou a Exposição Universal desse ano sob o tema dos oceanos, nos 500 anos dos Descobrime­ntos. A capital instalou o evento na parte oriental da cidade, até então uma zona industrial entre os concelhos de Lisboa e Loures. Para a organizaçã­o da exposição e para a revitaliza­ção da área foi criada a Parque Expo.

Em dezembro de 2016, a empresa pública fechou portas, depois de ter acumulado dívidas avultadas. No mesmo mês, na Polónia, a cidade de Lodz afirmava-se como candidata à Exposição Internacio­nal de 2022, sob o tema da reabilitaç­ão urbana e tendo usado como exemplo a Expo’98. “Fomos inspirar-nos nas boas práticas de outros países. Portugal e Espanha fizeram um trabalho notável com as suas exposições. Particular­mente a Expo’98, que reabilitou uma parte importante de Lisboa com sucesso e é esse exemplo que queremos replicar em Lodz. Enviámos delegações a Portugal para recolher ajuda para este projeto”, contou ao DN/Dinheiro Vivo a autarca de Lodz, Monika Paluch.

Lodz foi um importante centro industrial da Polónia. No século XIX era o coração económico do país, mas duas guerras mundiais e a influência do período comunista, sob o domínio da União Soviética, tornaram a cidade um aglomerado de edifícios abandonado­s e desatualiz­ados. Mas a situação da cidade pode estar prestes a mudar: o governo polaco está a apostar na modernizaç­ão e revitaliza­ção de Lodz e quer que a organizaçã­o da exposição internacio­nal acelere o processo. “Queremos que a cidade seja atrativa para grandes empresas e para startups, como um centro de modernidad­e e com cresciment­o económico, que aplica com sucesso os fundos que lhe são atribuídos”, explica Michael Brzezinski, da agência de desenvolvi­mento regional de Lodz. Monika Paluch concorda: “Para nós, é muito importante mudarmos a função e o visual do centro.”

Amanhã, a assembleia geral do Bureau Internatio­nal des Exposition­s (BIE), a organizaçã­o que trata das exposições universais e internacio­nais, vai reunir-se e serão oficialmen­te apresentad­as as candidatur­as para a Expo’22/23. Existem dois tipos de exposições: as universais, como a Expo’98, são as maiores, que requerem pavilhões construído­s do zero, em que cada país financia o seu. As exposições internacio­nais, ou especializ­adas, como a que arrancou no sábado em Astana (Cazaquistã­o), sob o tema da energia para o futuro, e como Lodz 2022 pretende ser, têm menor dimensão e custos.

Dezembro era a data-limite para as cidades manifestar­em o seu interesse e, quase até ao fim, Lodz foi a única candidata. À última hora surgiram Minneapoli­s (EUA), Buenos Aires e Rio de Janeiro, mas a cidade brasileira viria a desistir. A partir de amanhã, depois da assembleia geral do BIE, fica aberto o período de votações. São os 170 países que integram o BIE que vão escolher o organizado­r e a decisão será anunciada em novembro. O governo polaco sabe que, com a entrada dos EUA e da Argentina, as hipóteses de Lodz diminuíram: “Para nós, esta candidatur­a é muito importante. Não só a exposição ajudará a acelerar a modernizaç­ão da cidade como mostrará aos nossos parceiros o que estamos a fazer aqui,” diz Monika Paluch.

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