Diário de Notícias

SANTO ANTÓNIO

A FESTA POPULAR FAZ-SE COM PROCISSÃO, MARCHAS E SARDINHAS

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MARINA MARQUES Conta a tradição que foi ali mesmo, onde hoje está instalado o Museu de Santo António, em Lisboa, que por volta do ano de 1191 nasceu Fernando Martins Bulhão (ou Bulhões), imortaliza­do com o nome de Santo António – que ontem apadrinhou as marchas de Lisboa (ver fotos) . Nada mais natural pois que tenha saído daí a visita guiada que, no domingo, percorreu as ruas de Alfama, passando pelos mesmos locais da Procissão de Santo António, que logo, pelas 17.00, volta a sair à rua.

Clara Ferreira, do serviço educativo do museu, faz a introdução sobre a falta de certeza quanto à data em que terá começado a realizar-se a procissão, havendo apenas a certeza de que partia do Convento dos Franciscan­os (onde hoje está instalada a Faculdade de Belas-Artes, no Chiado), e que deixou de se realizar em 1834 por causa da extinção das ordens religiosas, tendo voltado a fazer-se em 1895. Altura em que saía do Mosteiro de SãoVicente de Fora, onde Santo António estudou durante dois anos, antes de, aos 20 anos, se mudar para Coimbra. Só em 1952 terá sido realizada a partir da Igreja de Santo António, que, no século XIV foi adquirida pelo Senado de Lisboa, havendo então uma ermida dedicada a Santo António.

Já no largo da igreja, Clara Ferreira explica que, por questões de conservaçã­o e para facilitar o transporte da imagem de Santo António, foi mandada fazer uma réplica, nos anos 1970 e é essa imagem que hoje voltará a sair à rua.

A primeira de seis paragens da procissão é ali perto na Sé de Lisboa, onde Fernando Martins foi batizado e numa escola adjacente fez os primeiros anos de estudo. “Aqui junta-se à procissão uma relíquia de Santo António e o patriarca de Lisboa”, refere a guia. Seguindo a Rua de São João da Praça chega-se ao Largo da Igreja de São João Baptista onde haverá nova paragem. Aqui, um andor com este santo entra na procissão e Clara Ferreira explica como a história deste templo está ligada a Santo António: a primeira ermida aí edificada foi mandada construir pelo pai do santo em sinal de agradecime­nto por ter sido salvo da forca.

Já no Largo de São Miguel, junta o andor de São Miguel, o Arcanjo, “comandante supremo do exército de Deus e, por isso mesmo, sempre representa­do vestido com uma armadura, com espada e lança”, diz Clara Ferreira. Seguindo pela Rua da Regueira, já lá no alto, nova pausa, nas traseiras da Igreja de Santo Estêvão onde o andor com a imagem deste diácono toma a dianteira da procissão. Seguindo pela Rua das Escolas Gerais, o atual percurso poupa a multidão à subida ao Mosteiro de São Vicente de Fora eé a imagem deste santo, do século IV, cujos restos mortais foram trazidos para Lisboa por D. Afonso Henriques, que também integra o cortejo. Que segue em direção às Portas do Sol e começa a descer a Rua do Limoeiro, parando logo a seguir à Igreja e Miradouro de Santa Luzia (à esquerda) para se concentrar na Igreja de Santiago Maior, no lado contrário da rua. É aí que a procissão fica completa, com o sexto andor, também este, como a maioria, “carregado por mulheres”.

Cortejo completo, tempo de todos os santos ajudarem na descida até à Igreja de Santo António. E, quando isso acontecer, mais logo, pelas 19.00, pode ser que outra tradição, cheia de fé e convicção, se realize: no regresso da imagem de Santo António à sua igreja, há sempre quem afirme que assiste ao milagre do sol. Cinco casais celebraram a cerimónia civil na Câmara Municipal e 11 fizeram a cerimónia religiosa na Sé da cidade. Lisboa cumpriu assim a tradição dos Casamentos de Santo António

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