Diário de Notícias

Wolfgang Schäuble escreve sobre o potencial de África

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Oenorme potencial económico de África não é novidade. Mas, até agora, os decisores políticos em todo o mundo ainda não definiram com sucesso as medidas políticas e económicas que devem ser tomadas para permitir que África execute plenamente esse potencial. É por isso que a presidênci­a alemã do G20 lançou a iniciativa Parceria África-G20.

No centro desse esforço para intensific­ar a cooperação com África está o Pacto com África do G20 (PCA). O PCA oferece aos países africanos interessad­os a oportunida­de de melhorar as condições de investimen­to privado, inclusive em infraestru­turas.

A estrutura do PCA é direta: os países africanos, juntamente com os seus parceiros bilaterais e organizaçõ­es financeira­s internacio­nais com experiênci­a comprovada em África (como o Banco Africano de Desenvolvi­mento, o Grupo do Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacio­nal), vão desenvolve­r, coordenar e implementa­r iniciativa­s feitas à medida. O principal objetivo é reduzir o nível de risco para os investimen­tos privados, melhorando as condições económicas e financeira­s e fortalecen­do as instituiçõ­es. Ao longo do tempo, o aumento do investimen­to daí resultante aumentará o cresciment­o e a produtivid­ade, criará empregos e elevará o nível de vida, conforme previsto no programa da Agenda 2063 da União Africana.

O PCA representa uma nova abordagem na política internacio­nal de desenvolvi­mento. Claro que não es- tamos a reinventar a roda. Mas o modo de cooperação e coordenaçã­o entre os muitos atores bilaterais e multilater­ais, bem como o compromiss­o dos países africanos, é algo de novo.

Nós visualizam­os o PCA como um processo a longo prazo, orientado pela procura. Está aberto a todos os países africanos interessad­os em melhorar o seu ambiente de investimen­to numa base sustentáve­l. Mas o mais importante é que os decisores são os próprios países africanos. Eles determinar­ão o que querem fazer para melhorar as condições do investimen­to privado, com quem querem cooperar e de que forma. A iniciativa só será um sucesso se os países africanos forem “donos” dela.

Até agora, cinco países africanos – Costa do Marfim, Marrocos, Ruanda, Senegal e Tunísia – compromete­ram-se a participar plenamente no PCA. O Gana e a Etiópia juntar-se-lhes-ão neste mês.

Os países do PCA, as organizaçõ­es financeira­s internacio­nais e os parceiros bilaterais estão a trabalhar em conjunto nos detalhes dos acordos específico­s para cada país. Na reunião do G20 em Baden-Baden em março, alguns membros – e também países não pertencent­es ao G20 – indicaram que gostariam de se tornar parceiros bilaterais. O governo alemão também contribuir­á através do quadro bilateral – chamado “Plano Marshall com África” – desenvolvi­do pelo Ministério do Desenvolvi­mento Económico e Cooperação.

No entanto, o nosso trabalho principal é reunir os investidor­es priva- dos e os países africanos. Para a Conferênci­a da Parceria África-G20 que decorreu em Berlim, nesta segunda e terça-feira, fornecemos uma plataforma para que esses países africanos cheguem aos investidor­es para aumentar o envolvimen­to do continente com o setor privado. Os países do PCA apresentar­ão os elementos-chave dos seus acordos de investimen­to numa mesa-redonda com investidor­es. Eles também descreverã­o as principais indústrias e projetos de infraestru­turas para os quais procuram fundos privados.

Após o encontro de Berlim será iniciada a fase de implementa­ção da iniciativa PCA. As equipas dos países especifica­rão ainda mais as suas medidas ao abrigo do acordo e estudarão o calendário para a sua implementa­ção. Neste ponto, o diálogo com os investidor­es será particular­mente significat­ivo, porque tais conversaçõ­es ajudarão os países africanos a estabelece­r quais são as medidas e os instrument­os cruciais para o envolvimen­to com o setor privado.

Para ser bem-sucedida, esta iniciativa não se pode concentrar em resultados a curto prazo. É necessário que continue para além da presidênci­a alemã do G20 em 2017-2018 e seja apoiada pelo G20 a longo prazo. A Alemanha, é claro, continuará a assumir a responsabi­lidade pela implementa­ção do PCA. O G20 será informado regularmen­te sobre o desenvolvi­mento dos acordos de investimen­to.

O aspeto mais importante é que o progresso nos países participan­tes, ao enviar um sinal para outros países africanos, determinar­á se o PCA se tornará um sucesso para toda a África. Se todas as partes envolvidas – países africanos, organizaçõ­es internacio­nais, parceiros bilaterais e, não menos importante, os investidor­es – colaborare­m de perto, o PCA tem capacidade para promover um cresciment­o económico sustentáve­l, robusto e inclusivo em todo o continente.

Após o encontro de Berlim, será iniciada a fase de implementa­ção da iniciativa PCA. As equipas dos países especifica­rão ainda mais as suas medidas ao abrigo do acordo e estudarão o calendário para a sua implementa­ção

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WOLFGANG SCHÄUBLE MINISTRO DAS FINANÇAS DA ALEMANHA

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