Iglesias quer para Espanha um governo à portuguesa
Debate de moção contra governo de Mariano Rajoy durou todo o dia e foi basicamente um frente-a-frente entre Podemos e PP
Irene Montero e Pablo Iglesias, do Podemos, abraçam-se após discursos contra Mariano Rajoy
PATRÍCIA VIEGAS Pablo Iglesias defendeu ontem que o melhor modelo de governo é o que existe em Portugal. Falando no debate da moção de censura que o seu partido, o Podemos, apresentou contra o governo liderado por Mariano Rajoy, do Partido Popular, considerou que é necessário fixar impostos sobre a banca, lutar contra a pobreza, fazer uma reavaliação das pensões mais baixas e subir o salário mínimo. Esta é, disse, a “política alternativa ao desastre do Partido Popular”, o qual “é preciso expulsar das instituições”. Rajoy respondeu à proposta, dizendo: “Um governo liderado por si seria letal para o interesse geral.”
No poder desde 2011, a braços com a crise no Banco Popular, com casos de corrupção envolvendo membros do PP e com a ameaça de um novo referendo sobre a independência da Catalunha, Rajoy foi classificado pelo líder do Podemos como a pessoa que “vai ficar para a história como o primeiro-ministro da corrupção”. O chefe do governo defendeu-se e rejeitou as “mentiras, calúnias, blasfémias e embustes” dirigidos a ele e ao PP. Rajoy acusou o Podemos de querer dar espetáculo com uma moção de censura que sabia, à partida, não ter quaisquer hipóteses de ser aprovada (por falta de apoio da maioria dos deputados).
A abertura das hostilidades (a classificação não será exagerada dado o tom do debate) ficou a cargo de Irene Montero, porta-voz do Unidos Podemos no Parlamento. Durante duas horas e 12 minutos, Irene, de 29 anos, chamou de tudo um pouco ao primeiro-ministro: machista, franquista, saqueador. “A corrupção tem sede, Génova, 13”, declarou a deputada, referindo-se à rua onde fica a sede do PP. “Exigimos que devolva o que roubou”, sublinhou em tom acusatório, enquanto desfiava os vários casos de corrupção que envolvem figuras ligadas ao PP. Um por cada letra do alfabeto em apenas 85 segundos, segundo refere do El País. Bárcenas, Gürtel, Púnica, Taula, foram apenas alguns dos que citou.