Diário de Notícias

Censura a Rajoy rejeitada, entre lágrimas e insultos

Debate da moção do Podemos marcado por ataques machistas contra a porta-voz parlamenta­r do partido Irene Montero

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A moção de censura contra o governo do PP de Mariano Rajoy foi ontem chumbada após dois dias de debate no Parlamento, com muitos insultos à mistura e até algumas lágrimas. Apresentad­a pelo Podemos de Pablo Iglesias, aquela que foi a terceira moção de censura da democracia espanhola foi rejeitada com um total de 170 votos contra, 82 a favor, 97 abstenções (para ser aprovada precisava de 176 votos favoráveis).

Contra votaram os deputados do PP, do Ciudadanos, da União do Povo Navarro, do Foro Asturias e da Coligação Canárias. A favor votaram os do Unidos Podemos, da Esquerda Republican­a da Catalunha e dos bascos Bildu. Optaram pela abstenção os eleitos do PSOE, do Partido Nacionalis­ta Basco, do Nova Canárias e do Partido Democrata Europeu Catalão.

Numa reação ao resultado, o primeiro-ministro disse sentir-se animado com o que considera ser “a rejeição dos radicais, dos extremista­s e pessoas pouco saudáveis”. Iglesias, líder do Podemos, considerou, por seu lado, que a oposição está no bom caminho porque “os populares já só conseguira­m reunir 170 deputados”. Na terça-feira, durante o primeiro dia de debate, o dirigente da esquerda radical apresentou-se como primeiro-ministro alternativ­o a Rajoy, indicando o atual governo português como o modelo a seguir. No primeiro dia de debate, o maior confronto foi entre Rajoy, Iglesias e Irene Montero. A porta-voz parlamenta­r do Unidos Podemos acusou o chefe do governo de ser corrupto, machista, franquista e enumerou vários casos de corrupção envolvendo figuras do PP. “A corrupção tem sede, é Génova, 13”, disse numa referência à rua onde fica a sede dos populares.

Montero, de 29 anos, foi alvo de vários ataques, ontem e hoje, não tanto pelo facto de ter feito um discurso longo e duro contra Rajoy, mas por ser namorada de Iglesias. Segundo os media espanhóis, namoram há cerca dois anos. “Hoje é um dia importante para os namorados do Podemos. A namorada Irene Montero defende o namorado Pablo Iglesias. O Podemos está tão mal que tem de ser a namorada”, escreveu no Twitter a deputada do PP Ana Vázquez Blanco.

Na mesma linha, o porta-voz do PP, Rafael Hernando, afirmou: “Alguns dizem que esteve melhor a senhora Montero do que o senhor, mas eu não direi isso porque não sei que efeito teria na relação.” Foi depois obrigado a pedir desculpas pela presidente do Parlamento e também membro do PP. “Não permitirei que isto se transforme num circo ou numa taberna”, disse Ana Pastor a Hernando. Já este tinha sido apelidado de machista pela presidente da Câmara de Barcelona Ada Colau. E feito Irene Montero chorar em pleno Parlamento. PATRÍCIA VIEGAS

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Irene Montero, ao lado de Pablo Iglesias, chorou no Parlamento

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