O Presidente na Feira do Livro em modo Marcelfie
Lisboa. Duas malas cheias de livros e um recado político foi o balanço da visita de Marcelo Rebelo de Sousa à Feira do Livro. Sem pressas
Nem se notava que era o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que tinha chegado à Feira do Livro de Lisboa em “visita particular” se não estivessem à sua espera os responsáveis do evento e vários jornalistas para assistir ao pagamento da promessa que fizera na véspera da abertura da 87.ª edição, a de voltar para fazer as suas compras. Mesmo assim lá ia passando despercebido de vez em quando no meio de tanta gente à sua volta ou enquanto estava de costas a falar com os funcionários dos vários pavilhões, muitos dos quais conhecia de outras andanças pelos livros.
Despercebido é, portanto, uma forma de expressão porque quando os leitores que andavam ontem pela Feira do Livro reparavam que o professor também se passeava pelo Parque Eduardo VII não deixavam de se aproximar e de o cumprimentar efusivamente. Principalmente, não evitavam solicitar uma selfie com o Presidente da República. Muitas mulheres, alguns homens, dezenas de adolescentes e bastantes crianças só perguntavam: “Posso tirar uma selfie?” Aliás, se alguns ainda pediam autorização, a maioria quase se atiravam ao Presidente e satisfaziam o desejo, entre piropos políticos simpáticos, abraços e beijos. Ou seja, sem grande aparato de segurança presente – “não trouxe ajudantes de campo”, disse –, ninguém impedia que os leitores trocassem por momentos a pesquisa de livros para comprar por uma recordação com o governante. Nem o Presidente impedia essa correnteza de selfies, afinal não é ele o rei das selfies? Ou melhor dizendo, Marcelfie!
Mesmo assim, não faltou tempo para o Presidente participar da sessão de apresentação do mais recente álbum fotográfico de Alfredo Cunha sobre Mário Soares, que contém um texto seu, profissional de quem comprara antes um livro com imagens do 25 de Abril de 1974. Um dos vários livros que ain- da não possui, mesmo que tivesse repetidas vezes afirmado “esse eu já tenho” durante as paragens no setor dos alfarrabistas. Por norma, disse ao DN, costuma fazer o trajeto sempre ao contrário, deixando estes stands de livros antigos para o fim para “perder um pouco mais de tempo e ver com atenção estes livros”. Desta vez não seguiu o caminho habitual mas não deixou de fazer várias aquisições nos alfarrabistas, a quem pediu sempre fatura com número de contribuinte, tal como em todos os outros livreiros.
Ainda o trajeto não ia a três quartos quando Presidente decidiu sentar-se para arrumar a mala de rodinhas, onde os livros balançavam de mal arrumados. Organizou tudo e, discretamente, um dos seguranças não o deixou seguir viagem sem lhe trocar a mala castanha por uma cinzenta, que deveria fazer parte das que vinham da viagem ao Brasil, pois ainda tinha a etiqueta da TAP presa. Foi o momento para fazer algumas declarações literárias. A saudade da Feira do Livro no tempo em que era na Avenida da Liberdade, aonde ia primeiro com os pais em pequeno e depois universitário. “Lembras-te, João”, perguntou ao responsável da APEL, parceiro de idas após os exames. E foi também o momento para as declarações políticas, designadamente com um recado sobre a hipotética possibilidade de a Agência Europeia do Medicamento ter sede em Portugal. Percebeu-se que para si Lisboa é o local ideal e que seria bom não se estar a dar espetáculo e criar polémica para o estrangeiro antes de se criarem condições para ser uma proposta vencedora.
O Presidente tinha prometido voltar ao Parque Eduardo VII e cumpriu a promessa. Comprou muitos livros, novidades e velharias, antes de seguir viagem