Fadistas do bairro conquistam palco no Caixa Alfama
Lisboa. Festival realiza-se a 15 e 16 de setembro. Vai ter bilhete diário e o passe mais barato
Cheira a sopa no salão nobre do Grupo Sportivo Adicense na Rua de São Pedro, em Alfama. A mesa está posta para a apresentação do Caixa Alfama, que regressa pelo quinto ano consecutivo àquele bairro lisboeta. A coletividade centenária volta a receber o festival, desta vez de uma forma diferente: vai ser o palco da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, que dará visibilidade aos fadistas do bairro.
Esta é uma das novidades do festival que chega no fim do verão e apresenta 40 fadistas espalhados por dez palcos ao longo de dois dias, 15 e 16 de setembro. Entre os cabeças-de-cartaz, Gisela João, António Zambujo, Marina Mota e Marco Rodrigues.Vão atuar no Palco Caixa, já com o Terminal de Cruzeiros inaugurado, “espera” o diretor da Música no Coração. Mais nomes serão anunciados semana a semana.
Luís Montez, que durante seis anos viveu no Beco da Formosa, ali ao lado, ia ao Sportivo Adicense ouvir o fado, contou que o presidente da junta tanto pediu que teve de lhe “dar um palco”. Miguel Coelho, o autarca local, diz que “Alfama está pejada de grandes fadistas” e que o festival é “muito mais do que uma mera iniciativa”, pois foi “assumido pela população como seu”.
Mas, nos últimos anos, o bairro tornou-se também dos turistas estrangeiros, que ali se alojam nas casas de arrendamento de curta duração ou que ali se passeiam diariamente, a pé ou de bicicleta.
Fernando Medina, fã do festival – “não há nada que se compare à riqueza de ouvir cantar o fado em Alfama” –, também presente na apresentação, disse não recear que em edições futuras o bairro não tenha fadistas residentes devido à pressão imobiliária. O autarca deu como exemplo o “friso” de novos fadistas que estavam sentados à sua frente “e toda uma geração que está a renovar o fado”. Disse ainda, otimista, que “é provável que tenhamos filhos de franceses que possam vir a cantar o fado”, lembrando os filhos de estrangeiros residentes que já estudam em escolas portuguesas.
Montez referiu que na edição 2016 foram vendidos 800 bilhetes a estrangeiros e que neste ano o número não deverá aumentar muito, até porque espera “esgotar antes de os turistas comprarem”. Nesta edição, estará disponível um bilhete diário, por 15 euros, e o preço do passe são 25 euros (dez euros mais barato do que em edições anteriores devido à maior capacidade do Palco Caixa, disse.)
No final, Bárbara Santos cantou três fados. A revelação deste ano saltou da Adega Machado para o Caixa Alfama. Depois, a comitiva seguiu para o andar de baixo. Lá estavam o (anunciado) caldo verde e as sardinhas assadas...