MP tem mais e-mails que envolvem o Benfica
Caso. Diretor de comunicação do FC Porto voltou a revelar na terça-feira mais informações sobre a alegada corrupção dos encarnados. Fonte do DIAP confirmou ao DN que já as tinha
CARLOS RODRIGUES LIMA, FILIPA AMBRÓSIO DE SOUSA e GONÇALO LOPES O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa tem na sua posse, apurou o DN, mais e-mails sobre o alegado envolvimento do Benfica em casos de possível corrupção desportiva, situações que têm vindo a ser denunciadas pelo FC Porto desde a semana passada. As novas informações divulgadas na terça-feira por Francisco J. Marques, diretor de comunicação dos dragões – agora envolvendo Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica –, já estavam a ser analisadas há algum tempo pelo Ministério Público (MP).
O DN sabe que estes e outros alegados e-mails já estão na posse do DIAP de Lisboa desde o momento em que ao MP chegou uma denúncia anónima com informação envolvendo o Benfica em alegados atos de corrupção desportiva. A denúncia foi recebida no portal do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) – acessível a qualquer cidadão – e logo de imediato encaminhada para o DIAP. Apesar de os documentos estarem na posse do MP há quase duas semanas, o processo ainda não chegou à Unidade Nacional contra a Corrupção da Polícia Judiciária, que nos últimos anos tem feito investigações sobre o futebol. Segundo confirmou ontem o DN, nenhuma diligência foi solicitada nem foi agendada alguma reunião para definir uma estratégia de investigação. Estratégia essa, porém, seja qual for, que estará já comprometida com o anúncio público feito pela Procuradoria-Geral da República sobre a abertura de uma investigação.
Ainda segundo fonte judicial, a utilização dos e-mails que têm sido revelados no próprio processo não é pacífica. Há quem defenda que, uma vez obtidos de forma ilícita, não podem ser utilizados como prova e quem considere o contrário, desde que encontradas novas provas que lhes deem suporte.
No programa de terça-feira, Francisco J. Marques revelou novos emails envolvendo Paulo Gonçalves (assessor jurídico do Benfica), Mário Figueiredo (antigo presidente da Liga), Adão Mendes (ex-árbitro) e Nuno Cabral (ex-delegado da Liga). Mas na semana passada, a 6 de junho, o diretor de comunicação do FC Porto já tinha denunciado aquilo que chamou de um “esquema de corrupção para beneficiar o Benfica”, divulgando eventuais e-mails trocados entre o comentador e diretor de conteúdos da Benfica TV Pedro Guerra e o antigo árbitro Adão Mendes. Tudo informações que o MP já tinha em seu poder por via da referida denúncia anónima, contendo os elementos que agora Francisco J. Marques vai divulgando semanalmente no Porto Canal.
Para já, apurou o DN, o inquérito não está em segredo de justiça. O que leva a que o diretor de comunicação do FC Porto não incorra, para já, em violação do segredo de justiça. Contactada pelo DN, fonte oficial do gabinete da procuradorageral da República, Joana Marques Vidal, disse não ter mais a acrescentar ao que já fora divulgado. Mário Figueiredo confirma e-mail Dos nomes apontados e referidos nos e-mails, só Mário Figueiredo, antigo presidente da Liga, comentou as acusações. O ex-dirigente assumiu que trocou e-mails, mas ilibou o Benfica e Luís FilipeVieira.
“As acusações feitas pela Liga contra o Benfica e contra o seu presidente durante o meu mandato provam a independência da Liga em relação ao Benfica”, revelou Figueiredo num comunicado à Lusa, explicando o teor do e-mail trocado com Vieira em 2014.
“Eu disse ao Luís FilipeVieira para ter calma na sequência de mais uma acusação da Comissão de Instrução e Inquéritos (CII) da Liga contra o presidente do Benfica. Ele estava indignado com a acusação – pela qual acabou por ser condenado –, que considerava injusta por não ter sucedido o mesmo ao António Salvador [presidente do Sp. Braga] e dizia ainda que estávamos a voltar ao tempo do Apito Dourado e do favorecimento ao FC Porto”, salientou o antigo dirigente, apontando o dedo aos azuis e brancos: “Só o desespero em função dos catastróficos resultados desportivos obtidos nas últimas épocas pode explicar que, mais de três anos depois e tendo existido já dois outros presidentes da Liga (...), algum clube possa querer retirar ilações do acontecido em 2014 para caracterizar o estado atual do futebol português.”
Os outros nomes denunciados pelo FC Porto estiveram incontactáveis até ao fecho desta edição.