Diário de Notícias

Tempo a mais nas urgências pode isentar doentes da taxa moderadora

“Os Verdes” entregaram projetos de lei para devolver taxas moderadora­s aos utentes se a espera no atendiment­o for “largamente superior ao tempo máximo previsto”

- MIGUEL MARUJO

Os deputados de “Os Verdes” entregaram dois projetos de lei para devolver aos doentes as taxas moderadora­s nos serviços de urgência caso o atendiment­o seja muito demorado ou se acabarem por desistir do atendiment­o. Num e noutro projeto, está em causa o tempo de espera, se for “largamente superior ao tempo máximo previsto pelo sistema de Manchester”.

Para o PEV, há “fatores” que levam as pessoas às urgências: falta de centros de saúde, “que prestem devidament­e os cuidados primários”, e “milhares de cidadãos que não têm médico de família” levam a que muitos cidadãos “vejam a sua situação agravada por falta de exames diagnóstic­os e tratamento­s necessário­s, levando a que muitas vezes se transforme­m em casos de urgência”. Somando a “falta de profission­ais de saúde” a este elevado recurso à urgência, os doentes acabam por ficar “sujeitos a tempos de espera exageradam­ente longos”.

No primeiro projeto de lei estipula-se o reembolso do valor das taxas moderadora­s “no caso de demora significat­iva no atendiment­o de urgência”, pelo que o PEV propõe que, “tendo em conta o período que medeia a passagem pela triagem e a observação médica, no caso de o tempo de espera ser largamente superior ao tempo máximo previsto pelo sistema de Manchester, o pagamento da taxa mo- deradora deixe de ser devido ou, caso tenha sido cobrado, que seja devolvido”.

No artigo único aditado escreve-se que “nos casos em que, nos serviços de urgência, o tempo de espera do utente pelo ato médico for 50% superior aos tempos máximos recomendáv­eis, adotados pelo sistema de triagem de Manchester, deixa de ser devido o pagamento de taxa moderadora ou, se já tiver sido cobrada, a importânci­a liquidada é reembolsad­a ao utente”.

Mais: no segundo projeto de lei, se o doente entender que está a tempo a mais à espera e que a ausência no momento da chamada médica não for imputável ao próprio, “incluindo os casos em que se excederam os tempos de referência adotados pelo sistema de triagem de Manchester”, não tem de pagar taxa moderadora ou, se já a tiver pago, deve ser reembolsad­o.

As duas propostas do PEV recordam, na exposição de motivos, que o sistema de triagem de Manchester estabelece os tempos de referência para se ser atendido nas urgências hospitalar­es. No caso da “cor vermelha”, os casos mais agudos, os doentes “devem ser admitidos imediatame­nte”; a “cor laranja” é para casos muito urgentes que, “pela gravidade de sintomas”, devem “ser atendidos por um médico nos primeiros 10 minutos”; a “cor amarela” é dada a quem têm de ser vistos no “prazo de uma hora” para um “atendiment­o urgente”; a pulseira “verde” é atribuída aos “que apresentam sintomas que não implicam risco de vida, devendo ser atendidos no prazo de duas horas”; por fim, a “cor azul” pode ser observada “num prazo aceitável de quatro horas”.

 ??  ?? Sistema de Manchester estabelece tempos para o atendiment­o
Sistema de Manchester estabelece tempos para o atendiment­o

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal