Diário de Notícias

Depois de Snowden, Putin oferece asilo a Comey

Presidente russo nega interferên­cias nos EUA e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, nega estar a ser investigad­o

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RÚSSIA-EUA Depois de, em 2013, ter concedido asilo ao ex-consultor da NSA Edward Snowden, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou ontem que o seu país está disponível para fazer o mesmo com o ex-diretor do FBI James Comey.

Questionad­o ontem por eleitores russos sobre Comey, Putin disse achar no mínimo estranho que uma pessoa que era diretor do FBI tivesse de passar aos media, através de um amigo académico, pormenores de uma conversa que teve com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Numa audiência no Congresso norte-americano na semana passada, Comey, de 56 anos, disse que Trump lhe pediu que deixasse cair a investigaç­ão à relação que figuras próximas de si tinham com a Rússia. O presidente, por sua vez, acusou-o de mentir. Nesse sentido, Comey disse esperar que a conversa tenha sido gravada. Pressionad­o por membros do Congresso a dizer se gravou ou não a conversa, Trump prometeu falar sobre o assunto na próxima semana.

“Que diferença há entre o diretor do FBI e o senhor Snowden?”, questionou-se ontem Putin, referindo-se ao consultor que divulgou informação classifica­da sobre o sistema de espionagem dos EUA. “Neste caso, ele [Comey] não é o líder de um serviço especial, mas um ativista de direitos humanos que defende certas posições. Se ele for sujeito a algum tipo de perseguiçã­o por causa de tudo isto, estaremos disponívei­s para lhe concedermo­s asilo político na Rússia. E ele deve saber disso”, sublinhou o chefe do Estado russo.

No mesmo dia em que Putin ofereceu asilo a Comey, o jornal The

Post publicou que Trump está a ser investigad­o pelo ex-diretor do FBI e atual conselheir­o especial Robert Mueller por alegada obstrução à justiça. Em causa, a resistênci­a a investigar a alegada intervençã­o russa na campanha para as presidenci­ais de 2016. Estas foram ganhas pelo republican­o, que derrotou a rival democrata, embora Hillary Clinton tenha ganho o voto popular. Trump, no Twitter, desmentiu ontem qualquer investigaç­ão e falou em caça às bruxas.

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