Diário de Notícias

David Grossman vence Man Booker Internacio­nal

Um dos mais importante­s escritores israelitas recebe o prémio literário por um livro que escreveu após a morte do filho na guerra

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O escritor israelita durante a cerimónia de entrega do prémio literário

JOÃO CÉU E SILVA Se um cavalo entrasse num bar o resultado seria desastroso mas não foi isso que aconteceu ao escritor David Grossman, apesar de ser o “dono” de um romance com o título Um Cavalo Entra num Bar [A Horse Walks into a Bar]. Afinal, o resultado de ter escrito este livro muito duro após a morte do seu filho no conflito entre Israel e a Palestina foi ter saído vencedor do Prémio Internacio­nal Man Booker. É claro que o seu Cavalo terá feito alguns estragos no orgulho literário entre os finalistas deste prémio literário que distingue os romances de autores estrangeir­os traduzidos para a língua inglesa, porque na shortlist estavam escritores que não devem ter apreciado perder as rédeas do sucesso internacio­nal dos seus livros mesmo nesta fase final do galardão.

É o caso do francês Mathias Enard com a Bússola, onde relata uma noite de insónia de um orientalis­ta, vencedor do Goncourt e um dos grandes romances de 2016. Do islandês Roy Jacobsen com The Unseen, que trata os sonhos de um ilhéu. Da dinamarque­sa Dorthe Nors, que em Mirror,Shoulder questiona a ausência de objetivos numa mulher de 40 anos. Da argentina Samanta Schweblin, que reúne em Fever Dream um homem e uma mulher ansiosos hospitaliz­ados. Do israelita Amos Oz, que em Judas refaz um evangelho não escrito e o transforma num dos grandes romances que o autor já escreveu.

Um Cavalo que ainda faz mais estragos porque na reta final estavam as obras de dois dos três mais importante­s autores daquela língua e é difícil destacar o texto de David Grossman em relação ao de Amos Oz. Mas o júri é soberano e o que um dos seus membros, Nick Barley, considerou foi que “Grossman tentou escrever um ambicioso romance e consegui um resultado espetacula­r. No qual retrata os sentimento­s do luto sem qualquer sentimenta­lismo, no qual correu sérios riscos de estilo ao colocar em cada frase uma proposta

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