Diário de Notícias

Ir à Polónia procurar o título europeu que escapa a Portugal

Finalista em 1994 e 2015, a seleção nacional – há 30 jogos oficiais sem perder – tem nova oportunida­de para lutar pelo troféu

- NUNO COELHO

De acordo com o site transferma­rkt, Portugal tem dois dos dez jogadores mais valiosos da prova: João Cancelo e Renato Sanches

Depois de ter estado muito perto de conseguir o título há dois anos, Portugal inicia amanhã a oitava tentativa de conquistar aquele que é agora, por força do triunfo obtido pela seleção principal em França, no Euro 2016, o único troféu europeu masculino que ainda falta nas vitrinas da FPF.

A tarefa não é fácil, num grupo que inclui a Espanha, grande favorita a erguer a taça em Cracóvia no último dia de junho, mas a verdade é que o percurso recente da seleção de sub-21 justifica as expectativ­as com que se olha para a participaç­ão da equipa orientada por Rui Jorge no torneio polaco – 30 jogos oficiais sem derrotas (a última sucedeu em outubro de 2011, na Rússia, uma vez que os desempates por pontapés de penálti não são contabiliz­ados para esta estatístic­a) e uma sequência de 19 partidas invicta (dois anos e quase três meses, desde que perdeu um particular com a Rep. Checa).

Num Europeu alargado a 12 participan­tes, e para o qual se qualificou com grande facilidade, Portugal integra o grupo B, juntamente com as suas congéneres de Espanha, Sérvia e Macedónia, sendo esta última a única estreante na 21.ª edição da prova. Como só o primeiro classifica­do tem passagem garantida às meias-finais (dos segundos só o melhor se qualifica), não será fácil à equipa nacional repetir a performanc­e conseguida na Alemanha em 2015, quando chegou à final (goleando a equipa da casa por 5-0 no jogo anterior, mas empatando duas vezes na fase de grupos).

Dessa equipa, que não conseguiu superar a Suécia na decisão, caindo nos remates dos 11 metros perante a equipa de Victor Lindelöf, saíram alguns campeões da Europa no ano seguinte (Raphaël Guerreiro, William Carvalho, João Mário e Rafa – Bernardo Silva acabaria por falhar a viagem até França devido a lesão de última hora), mas alguns dos mais novos transitara­m para a que estará agora na Polónia. BrunoVarel­a, João Cancelo, Tobias Figueiredo, Rúben Neves e Ricardo Horta têm assim uma boa possibilid­ade de compensare­m a tristeza então sofrida e escreverem um novo capítulo glorioso para o futebol português. História contra Se a tarefa em termos técnicos não é propriamen­te fácil, a história também não dá grande ajuda. Nas sete participaç­ões anteriores, nem a “geração de ouro” conseguiu triunfar, apesar de também ter chegado à partida decisiva. Foi em 1994, numa altura em que apenas as meias-finais e a final se disputavam num país. Portugal bateu a Polónia nos quartos com alguma facilidade (3-1 fora, bis de João Vieira Pinto e mais um de Rui Costa, e 2-1 em casa, golos de Toni e Paulo Torres), e superou a Espanha em Montpellie­r, por 2-0 (outra vez JVP e Rui Costa). Na final, porém, a Itália de Toldo, Cannavaro e Pippo Inzaghi levou a melhor no prolongame­nto, graças a um golo de ouro de Orlandini – o seu único com a camisola azzurra. Em compensaçã­o, Figo acabou eleito o melhor jogador do torneio, tal como sucedeu a William Carvalho em 2015.

Já em 2004, e sob o comando de José Romão, Portugal atingiu as meias-finais mas também aí a Itália (recordista de triunfos no escalão, com cinco vitórias) foi mais forte, vencendo por 3-1. A equipa nacional, que contava com nomes como Bruno Alves, Raul Meireles, Carlos Martins, Danny, Hugo Almeida, Hugo Viana, João Pereira e

Beto, entre outros, venceria, no prolongame­nto (3-2), a Suécia no play-off olímpico e seria terceira classifica­da. Nos Jogos de Atenas, a história foi bem pior...

Mais experiente De qualquer forma, um fator com que Rui Jorge pode contar é a maior experiênci­a do plantel que escolheu para este Europeu. A seleção portuguesa é a que tem a média de idades mais alta no seu grupo (22 anos), enquanto a Sérvia, o primeiro adversário, se fica pelos 21,6 – Espanha e Macedónia têm 21,8, cabendo aos checos (grupo C), a liderança absoluta nesta tabela (22,3 anos). Já no que diz respeito aos jogos disputados nesta temporada, o técnico português tem a equipa mais descansada: os 23 convocados fizeram em média 19,4 jogos (só contabiliz­ando partidas na primeira divisão). Neste capítulo, o selecionad­or espanhol tem um conjunto de jogadores que disputaram uma média de 23,48 desafios, contra 20,55 dos sérvios e 19,73 dos macedónios.

Olhando para os jogadores com mais valor de mercado, Portugal conta com dois elementos no top 10, segundo o site transferma­rkt.com: Renato Sanches ocupa o terceiro posto nesta lista (30 milhões) e João Cancelo é oitavo (20 milhões). Espanha (que teve de trocar à última hora Yeray Alvárez, devido a uma recaída de um tumor nos testículos, por Diego González) é o país mais representa­do: cinco jogadores, incluindo o mais valioso do Europeu (Saúl Ñíguez, do Atlético Madrid, que vale 40 milhões), enquanto a Itália, com três, completa esta seleção particular. Em termos coletivos, Portugal surge em terceiro lugar, apresentan­do um plantel avaliado em mais de 131 milhões, apenas batido por Espanha (283,5) e Itália (214,7) – a Sérvia é sexta (43,25) e a Macedónia última (apenas 7,88 milhões).

De qualquer forma, nem história nem estatístic­a ganham jogos. E Rui Jorge tem absoluta confiança na equipa que tem ao seu dispor. “Temos aqui jogadores que jogam na Liga dos Campeões, que fizeram fases finais da UEFA Youth League. É uma realidade que não tínhamos anteriorme­nte. Mesmo a nível de clube, têm uma experiênci­a completame­nte diferente de há uns anos. Estamos muito bem servidos. Temos um grupo fantástico de jogadores, alicerçado em alguma experiênci­a”, afirmou em março. Com tanto talento, só se espera que a sorte também acompanhe o técnico lusitano, o que não sucedeu na única vez em que, como jogador, defrontou Albert Celades, o atual técnico espanhol: foi num jogo da Liga dos Campeões entre Sporting e Real Madrid que terminou 2-2, com o lateral português a marcar na própria baliza o último golo do jogo.

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 ??  ?? Renato Sanches, que no verão passado foi figura importante no título europeu sénior, vai agora tentar repetir o feito ao serviço dos sub-21
Renato Sanches, que no verão passado foi figura importante no título europeu sénior, vai agora tentar repetir o feito ao serviço dos sub-21

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