Diário de Notícias

Ronaldo visto pela janela por jovens do Rubin Kazan

Primeiro treino da seleção portuguesa em solo russo atraiu muitos interessad­os, mas só os jovens aspirantes a craques da academia do Rubin Kazan conseguira­m ver toda a sessão do ídolo Cristiano Ronaldo

- CARLOS NOGUEIRA enviado a Kazan

A seleção nacional treinou ontem pela primeira vez na academia do Rubin Kazan. Foi a primeira sessão orientada por Fernando Santos em solo russo, o que motivou uma grande afluência de meios de comunicaçã­o de várias partes do mundo, com especial destaque para mexicanos, russos e brasileiro­s. O mote veio do Brasil, quando um repórter iniciou o trabalho para a sua televisão com uma frase lapidar: “A fera chegou!”

E a fera é, claro está, Cristiano Ronaldo, que está na Rússia com o objetivo de culminar um ano de sonho com o erguer da Taça das Confederaç­ões, um dos poucos troféus que ainda lhe falta no currículo e que, por certo, seria um belo complement­o à Liga dos Campeões e à Liga espanhola que festejou há menos de um mês. E foi CR7 que motivou um discreto rebuliço centro de treinos do Rubin Kazan, entre alguns dos jovens jogadores da formação do clube mais importante da república russa do Tartaristã­o, cujas instalaçõe­s servem até segunda-feira de quartel-general para os campeões da Europa.

A prova disso é que, após os 15 minutos de treino abertos à imprensa, o trabalho de Ronaldo e companhia num dos relvados do complexo apenas pôde ser acompanhad­o, embora à distância, por esses candidatos a futuros craques que, das janelas do edifício onde estão instalados, puderam apreciar algum dos movimentos dos jogadores portuguese­s. CR7 foi, claro está, o que despertou maior curiosidad­e entre alguns dos 92 jovens entre os 13 e os 16 anos que vivem e estudam no centro de treinos do Rubin. Afinal, para eles, foi a primeira vez que estiveram tão perto de um dos maiores ícones do futebol mundial, até porque mais de metade foram recrutados bem longe de Kazan, noutros clubes do Tartaristã­o, que é um território com quase 68 mil quilómetro­s quadrados de extensão e mais de 3,7 milhões de habitantes.

O quartel-general da seleção nacional em Kazan é uma unidade moderna que, no entanto, foi inaugurada há 31 anos, ainda antes da queda do regime soviético e da desintegra­ção das URSS, período durante o qual funcionava como escola olímpica do governo da república do Tartaristã­o. Só em 2009 é que o complexo foi cedido ao Rubin Kazan, que desde então tem apostado na formação de jogadores, embora nenhum tenha atingido o alto nível. Nesta altura, apenas o defesa esquerdo Elmir Nabiullin, de 22 anos, representa a equipa principal, tendo até feito um jogo pela seleção principal da Rússia. Exame de medicina pode esperar Em contraste com a felicidade dos jovens do Rubin que, à janela, puderam ver as estrelas portuguesa­s, estava a tristeza de Sahil, um indiano estudante de Medicina, de 21 anos, que chegou à porta do centro de treinos para ver o seu ídolo Ronaldo e aproveitar a oportunida­de para lhe pedir que lhe autografas­se a camisola branca da equipa das quinas, que trazia, bem dobrada, na mão esquerda.

Era aquele o momento por que tanto esperava. “É a primeira vez que estou tão perto dele”, começou por dizer ao DN, antes de ficar deno

“A fera chegou”, reportou um jornalista brasileiro para a sua televisão, referindo-se à grande estrela do torneio: Ronaldo

solado logo de seguida ao saber que, afinal, não podia ver CR7. Tinha de ficar do outro lado do gradeament­o de ferro preto que delimita todo o complexo da movimentad­a Rua Kopylova. “Faltei a um exame para que cumprisse este sonho...”, explicou o jovem indiano, que chegou a Kazan há três anos para cumprir outro sonho, o de ser médico.

“Agora, tenho de pedir que o exame seja remarcado para o próximo semestre”, acrescento­u Sahil, que tem pela frente mais três anos de curso de Medicina, após o qual ainda não sabe se voltará à Índia – afinal, na Europa está mais perto do seu Real Madrid, que um dia sonha ver jogar ao vivo. “Sou um grande fã do Real Madrid e do Ronaldo, claro, mas também gosto muito do Pepe e tenho pena de que vá para o Paris Saint-Germain...”, acrescento­u, apressando-se a revelar que foi no Euro 2016 que começou a vibrar com a seleção portuguesa. “Fiquei muito contente por terem sido campeões europeus... torci muito por isso. Gosto muito do Nani, mas também dos mais jovens, como o André Silva, André Gomes e Bernardo Silva. São todos muito bons”, frisou.

Com o sonho desfeito, Sahil lá seguiu o seu caminho, mas prometeu não desistir de recolher o autógrafo de Ronaldo e deixou a garantia de que, em terras russas, irá torcer pela seleção nacional. Quem sabe se depois do Europeu não irá festejar por ver o seu ídolo levantar a Taça das Confederaç­ões, no dia 2 de julho, após a final de São Petersburg­o?

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Jogadores da academia do Rubin Kazan puderam ver pelas janelas dos quartos o treino da seleção portuguesa, com os olhares focados em Cristiano Ronaldo
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