Diário de Notícias

Candidatur­a de Lisboa a agência da UE decidida desde fevereiro

A polémica entre Lisboa e Porto como cidade candidata a acolher uma das mais importante­s agências europeias estalou há uma semana. A opção do governo pela capital do país foi revelada publicamen­te há meses, sem nunca falar noutras opções. O Parque das Naç

- JOÃO PEDRO HENRIQUES e ANA MAIA

candidatur­a de Lisboa a sede da Agência Europeia de Medicament­os (EMA) está decidida pelo governo pelo menos desde o início de fevereiro. Uma nota governamen­tal emitida no Portal do SNS, em 10 de fevereiro, revela que três dias depois partiria uma delegação composta pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, e dirigentes do Infarmed para visitar a sede da EMA, em Londres, para “melhor compreende­r as necessidad­es da relocaliza­ção”. A nota tornava claro que a capital portuguesa era a aposta: “Convictos de que Lisboa é a cidade mais adequada para esta relocaliza­ção, o governo português irá transmitir os méritos da capital portuguesa e assegurar o empenho nacional num rápido processo de transição que minimize o impacto das atividades regulares da EMA, essenciais à proteção da saúde pública nos 28 Estados membros da União Europeia, bem como nos países do Espaço Económico Europeu.” Nesse comunicado, o governo já destacava as qualidades de Lisboa, como o tempo, os transporte­s, escolas internacio­nais e preços acessíveis.

Visita a Londres reforça Lisboa como a eleita

› A 14 de fevereiro o governo publica novo comunicado no Portal do SNS. “O governo está a preparar facilidade­s administra­tivas para a transferên­cia da EMA de Londres para Lisboa, cujo interesse foi manifestad­o durante uma visita às instalaçõe­s, em Londres, no dia 13 de fevereiro”, diz o comunicado, em que se avançava com uma possível localizaçã­o: “O governo já identifico­u alguns potenciais edifícios, nomeadamen­te um na Avenida José Malhoa, que estará disponível e tem capacidade e condições para acolher o organismo, incluindo a proximidad­e do aeroporto.” Hipótese entretanto afastada por falta de espaço para acolher os cerca de 900 funcionári­os da EMA. Ainda não há decisão final sobre o edifício que poderá acolher a agência europeia.

Comissão de candidatur­a criada em abril

› A 27 de abril, o Conselho de Ministros aprova a resolução da candidatur­a portuguesa a sede da EMA, em que refere que se “considera Lisboa a cidade apropriada para acolher a sede da EMA”. Na mesma resolução é criada a comissão de candidatur­a nacional para a instalação da Agência Europeia de Medicament­os na cidade de Lisboa” a funcionar na dependênci­a dos ministério­s dos Negócios Estrangeir­os e da Saúde. Fazem ainda parte da comissão representa­ntes das áreas dos negócios estrangeir­os, modernizaç­ão administra­tiva, finanças, ciência e ensino superior, educação, trabalho e segurança social, saúde, planeament­o e infraestru­A turas, economia e representa­ntes da Câmara Municipal de Lisboa.

Costa em Bruxelas formaliza candidatur­a de Portugal

› No dia 29 de abril o primeiro-ministro, António Costa, entrega uma carta ao presidente do Conselho Europeu e ao da Comissão, a formalizar a candidatur­a do país. Aos jornalista­s, explicou os motivos da aposta em Lisboa: “Preenche todos os critérios exigidos e temos estado a trabalhar com o respetivo município, para encontrar uma localizaçã­o imediata, visto que era necessário podermos dispor de cerca de 20 mil metros quadrados” para a localizaçã­o da agência.

Rui Moreira oferece Porto. Costa só respondeu neste mês

› A 2 de maio, Rui Moreira envia uma carta a António Costa na qual salienta a importânci­a que a agência poderia ter para o Porto, referindo o cluster farmacêuti­co, universida­des, facilidade­s logísticas e lembrando que Lisboa já é sede de duas agências europeias. A resposta do primeiro-ministro é de 8 deste mês, em diz que estudaram a possibilid­ade de Lisboa e Porto, mas que duas razões levaram a optar pela capital: a proximidad­e do Infarmed e a possível criação de uma escola europeia em Lisboa. As cartas foram publicadas no Facebook da Câmara do Porto no dia 15.

Um louvor aprovado por unanimidad­e no Parlamento

› No dia 11 de maio, os deputados votaram por unanimidad­e um voto de saudação apresentad­o pelo PS, que terminava dizendo que o Parlamento, reunido em plenário, “saúda e apoia a candidatur­a de Portugal à fixação da sede da Agência Europeia de Medicament­os em Lisboa, como de interesse nacional”. Nesta semana foram vários os deputados que recuaram, dizendo que o governo se precipitou na decisão de Lisboa e que levou o deputado do PSD Carlos Abreu Amorim, eleito por Viana do Castelo, a pedir desculpa pelo seu voto na saudação.

Comissão Europeia revela critérios essenciais

› No dia 19 de maio, a Comissão Europeia publica os critérios técnicos para a relocaliza­ção da EMA, como a necessidad­e de escolas para mais de 600 crianças, um espaço que acolha 890 empregados e mais de 500 reuniões, capacidade hoteleira e ligação aérea às várias capitais europeias.

Governo anuncia Parque das Nações como sede da EMA

› No dia 5 de junho, o governo anuncia no Portal do SNS que a candidatur­a de Portugal foi aprovada e deixa o link da candidatur­a em que revela o local escolhido. “O Parque das Nações, uma área urbana totalmente regenerada, é o local escolhido para hospedar a EMA”, diz no site, acrescenta­ndo ainda que as novas instalaçõe­s estarão prontas aquando da saída da agência de Londres e que “a escolha do edifício da sede tem em consideraç­ão as necessidad­es da EMA para continuar a funcionar da maneira mais eficiente”.

A guerra continua com troca de argumentos

› No dia 15 deste mês, fonte oficial disse à Lusa que o primeiro-ministro defendeu até “ao último momento possível” a candidatur­a do Porto. A mesma fonte disse que o primeiro-ministro teve de mudar a sua posição depois de a comissão da candidatur­a portuguesa se ter deslocado ao Reino Unido para avaliar as condições necessária­s para uma candidatur­a de sucesso. Rui Moreira afirma que nunca foi contactado para qualquer contributo ou avaliação da comissão de candidatur­a nacional à EMA. O Presidente da República pede consenso.

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Rui Moreira pediu a Costa, em 2 de maio, que a EMA viesse para o Porto. Teve resposta a 8 deste mês

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