Expulsão à vista para eurodeputado do PS por comentário racista
Manuel dos Santos chamou “cigana” a candidata do PS à Câmara de Matosinhos. António Costa quer vê-lo fora do partido
JOÃO PEDRO HENRIQUES Duas notas no Twitter com menos de 260 caracteres no total deverão valer ao eurodeputado do PS Manuel dos Santos a expulsão do partido. É isso, pelo menos que o líder do partido, António Costa, quer, conforme o próprio disse à Lusa: “Há muito que Manuel dos Santos desonra o seu passado. Hoje tornou-se uma vergonha para o PS. Espero que a Comissão Nacional de Jurisdição rapidamente nos liberte da companhia de quem partilha preconceitos racistas”.
Ao mesmo tempo, o presidente do partido, Carlos César, fazia saber que apresentara queixa na Comissão Nacional de Jurisdição (CNJ) do partido (o “tribunal” interno). “Dado o melindre da situação gerada, solicito as suas mais rápidas diligências”, dizia uma carta de César à presidente da CNJ, Telma Correia, também revelada pela Lusa.
Tudo começou quando Santos, do Porto, escreveu naquela rede social ser uma “verdadeira vergonha” que os deputados do PS do Porto na Assembleia da República tenham votado a favor de um voto de saudação (apresentado pelo partido) à candidatura de Lisboa a sede da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla inglesa – ver página anterior). E depois acrescentou: “Entre os deputados socialistas que votaram Lisboa como sede da Agência Europeia de Medicamentos, esteve Luísa Salgueiro, dita a cigana.” E ainda um outro tweet: “Luísa Salgueiro, dita a cigana e não é só pelo aspecto, paga os favores que recebe com votos alinhados com os centralistas.”Luísa Salgueiro é a candidata do PS à Câmara de Matosinhos e desde o início que Manuel dos Santos contestou a escolha (por achar que foi uma escolha de Lisboa).
As afirmações do eurodeputado desencadearam de imediato um vendaval de reações negativas dentro do PS. Carlos Zorrinho, líder da bancada dos deputados socialistas no Parlamento Europeu, escrevia, no Facebook que “o teor das acusações pessoais será analisado internamente”. E concluía: “Como cidadão e socialista as referências étnicas feitas chocam-me profundamente. Como me chocariam se fossem feitas por qualquer