Marcelo recusa juntar mais frentes à frente de combate de fogos
Chefe do Estado louvou declarações do líder do PSD para notar que este tempo não é ainda dos políticos. Que é como quem diz: encontrar culpados
PRESIDENTE Tomando o exemplo – que louvou – do líder do PSD, o Presidente da República recusou ontem juntar “mais frentes” à frente de combate dos fogos florestais. “Neste momento, há uma prioridade, a do combate ao incêndio, do apoio aos familiares das vítimas, do apoio às vítimas não mortais, naquilo que sofreram e sofrem. Já temos muitas frentes pela frente. Não vamos juntar mais frentes neste momento. Esse tipo de considerações neste momento é juntar frentes a um combate que já é difícil. Tudo tem um momento na vida”, disse ontem Marcelo Rebelo de Sousa.
Passos Coelho tinha dito pouco antes – depois de visitar a Autoridade Nacional de Proteção Civil – que “as pessoas quererão saber, têm o direito de saber a explicação para que isto tivesse acontecido”. E acrescentou: “Este ainda não é o momento de poder fornecer essa resposta cabal, eu penso que ela ainda não existe.” Já no sábado o líder social-democrata dizia que “agora é o tempo de as autoridades atuarem, não é o tempo dos políticos”.
Quando questionado sobre dúvidas na origem do fogo, o Chefe do Estado insistiu que este tempo é ainda de combate às frentes ativas e de apoio às vítimas. “O que está a ser feito está a sê-lo com critério e organização, mas há a noção de que as próximas horas – esperemos que não muitos mais dias – serão ainda de desafio, combate, luta.” Ao início da noite, no fim de mais uma visita aos concelhos afetados pelos fogos, Marcelo voltou a frisar que agora “é preciso renascer das cinzas, haverá depois tempo para fazer o debate sobre o incêndio”.
Marcelo vincou que a “prioridade nacional é a de em conjunto enfrentar este desafio, que é o que está a ser feito”, sacudindo a discussão sobre culpas e culpados. “Começa agora, de forma crescente, uma outra fase, quando a primeira ainda não terminou, que é a de acolhimento e reinserção comunitária”, antecipou. E prometeu “uma palavra àqueles que sofrem mais” e ir “ouvir o que vai no coração das pessoas”, como já tinha dito na sua comunicação ao país no domingo à noite. “A tragédia atingiu aqueles portugueses de quem menos se fala, de um país rural, isolado, com populações dispersas, mais idosas, mais difíceis de contactar, de proteger e de salvar.” Mas em algum momento vai querer saber-se mais sobre quem não acudiu a tempo aqueles de quem menos se fala. MIGUEL MARUJO