Estava sinalizado como radical e tinha licença de porte de arma
PARIS Atacante dos Campos Elísios teria nove armas registadas de forma legal. Primeiro-ministro questiona como tal pode acontecer
O homem que atirou na segunda-feira um automóvel contra uma carrinha da polícia nos Campos Elísios, em Paris, tinha uma caixa de armas em sua casa e tinha licença de porte de arma, apesar de estar na lista de pessoas ligadas ao radicalismo islamita dos serviços secretos franceses.
Segundo uma fonte judicial, as autoridades estavam ontem a fazer um inventário das armas encontradas em casa do suspeito, morto na sequência do ataque. O homem, de 31 anos, tinha ainda no carro que usou no ataque uma espingarda de assalto, duas pistolas, munições e duas botijas de gás. Segundo os media franceses, o suspeito teria nove armas registadas de forma legal.
O primeiro-ministro, Édouard Philippe, declarou que o indivíduo tinha recebido uma licença de porte de arma antes de ser sinalizado como radical pelos serviços secretos, afirmando que, na altura, não havia razões para lhe negar a licença. O chefe do governo acrescentou “ser bastante possível” que a licença estivesse ainda ativa na altura em que entrou para a lista de vigilância. A BFMTV adiantava ontem que ele tinha licença de porte de arma porque frequentava um clube de tiro junto da sua casa e que esta tinha sido renovada em fevereiro.
“Ninguém pode estar contente, e certamente nem eu, que alguém que foi sinalizado pelas agências de segurança continue a beneficiar de tal autorização”, declarou Édouard Philippe à BFMTV. O suspeito estava na chamada lista de vigilância Fiche S desde 2015, depois de se descobrir que pertencia a um movimento radical islamita.
Phillipe lembrou que uma legislação aprovada em maio permite que as autoridades que tratam das licenças de porte de arma confirmem se os requerentes estão em listas de vigilância. No entanto, recusar licenças a estas pessoas tem os seus pontos negativos. “Se revogas a licença a alguém que está sob vigilância, eles vão acabar por saber a razão”, declarou o primeiro-ministro francês.
De acordo com a BFMTV, a Tunísia emitiu um mandado de detenção contra o suspeito em setembro de 2014 por atos terroristas cometidos em 2013. Faria também parte dos arquivos da Interpol, que terá indicado aos serviços secretos franceses para não o abordarem, mas sim manter uma vigilância discreta e informar os serviços tunisinos.
Quatro pessoas da família do suspeito – pai, irmão, cunhada e ex-mulher – foram detidas para interrogatório. A sua família é descrita pelos vizinhos como praticante de um islamismo rigorista. A. M.