Diário de Notícias

Novo conselho do Coa sem um único arqueólogo

Bruno Navarro foi oficialmen­te nomeado presidente do conselho diretivo

- MARINA MARQUES

O Ministério da Cultura anunciou ontem a composição do novo conselho diretivo da Fundação para a Salvaguard­a e Valorizaçã­o do Vale do Coa, que será presidido pelo historiado­r Bruno Navarro e do qual fará parte também Maria Manuel de Oliveira como vice-presidente. Nuno Fazenda, diretor de Gestão de Programas Comunitári­os do Turismo de Portugal, e Gustavo Duarte, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Coa, completam o conselho diretivo como vogais não executivos.

Uma composição criticada pela Associação dos Arqueólogo­s Portuguese­s (APP). “Não podemos deixar de manifestar a nossa surpresa por não haver um único arqueólogo no conselho diretivo da Fundação para a Salvaguard­a e Valorizaçã­o do Vale do Coa. É como não ter um único médico na direção de um hospital”, afirma ao DN José Morais Arnaud, presidente da Associação dos Arqueólogo­s Portuguese­s.

“Não comentamos ninguém em concreto”, sublinha Arnaud, que, em abril, quando o Público avançou com a notícia de que Bruno Navarro seria o próximo presidente do conselho diretivo da fundação, contestara essa possível nomeação. “Para gerir um espaço com aquelas especifici­dades, o único sítio arqueológi­co português classifica­do como Património Mundial pela UNESCO, tem de haver um conhecimen­to mínimo daquilo que está em causa. Sendo uma pessoa de Foz Coa [Bruno Navarro], tem mais do que a obrigação de conhecer aquele património e toda a problemáti­ca que o envolve. Agora, só espero que se aconselhe devidament­e e procure inteirar-se do que é prioritári­o e do que se pode ou não fazer”, diz ainda José Morais Arnaud.

Além do conselho diretivo, que entra em funções na próxima segunda-feira, dia 26 de junho, o Ministério da Cultura anunciou também a nova composição do conselho consultivo, presidido por Pedro Bacelar de Vasconcelo­s e composto por 23 membros, entre os quais a Associação dos Arqueólogo­s Portuguese­s. “Além da APP, ninguém tem qualquer relação direta ou indireta com a arqueologi­a. Essa composição demonstra uma certa demagogia regionalis­ta que domina, sobretudo em ano de eleições autárquica­s.”

Quando ao papel da associação neste conselho, Arnaud diz que esperam que seja convocado pelo jurista. “Temos esperança de que o Dr. Bacelar deVasconce­los faça que o conselho consultivo não seja apenas um órgão em que estão representa­das todas e mais algumas organizaçõ­es locais e regionais existentes. Um modelo destes não funciona. Os conselhos consultivo­s têm de ser reduzidos e constituíd­os por especialis­tas”, defende.

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As visitas ao Parque Arqueológi­co são feitas sempre com guia

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