Diário de Notícias

Português. Ministério Público tem denúncia sobre fuga de informação

Instituto de Avaliação Educativa alerta que há muitas situações iguais que são infundadas. Professore­s cautelosos

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EXAMES NACIONAIS O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) pediu ao Ministério Público (MP) para averiguar uma alegada fuga de informação no exame de Português do ensino secundário – realizado na última segunda-feira por 72 mil alunos. No entanto, revelou também alguma cautela em relação à notícia, lembrando que as denúncias desta natureza, bem como o encaminham­ento das mesmas para a autoridade competente, são habituais.

“Na sequência da divulgação de um ficheiro áudio que revela informaçõe­s sobre a prova de Português 639 da 1.ª fase, realizada no passado dia 19, e que alegadamen­te foi difundido antes da aplicação da prova, o IAVE vem informar que, como habitualme­nte, vai hoje [ontem] remeter para a IGEC e para o Ministério Público todas as informaçõe­s de que dispõe sobre o caso para efeitos de averiguaçã­o disciplina­r e criminal”, confirmou em comunicado este organismo, responsáve­l pela elaboração dos exames, provas finais e e aferição realizados pelos alunos.

Questionad­o pelo DN sobre a natureza desses casos “habitualme­nte reportados ao MP”, bem como as consequênc­ias dos mesmos, o IAVE remeteu para os próximos dias o aprofundam­ento desta informação. Até ao fecho desta edição também não foi possível obter respostas da Procurador­ia-Geral da República sobre esta matéria.

A relutância do IAVE é compreensí­vel, tendo em conta que há dias também circulou a denúncia – que se revelou infundada – da alegada publicação antes do tempo dos critérios de correção de uma prova, no próprio site deste organismo, que se revelou infundada. Mas neste novo caso, a confirmar-se que o ficheiro de áudio foi produzido antes de a prova se realizar, os indícios são fortes.

De acordo com o semanário Expresso, que avançou com a notícia, uma aluna, invocando como fonte uma explicador­a e dirigente sindical, acertou corretamen­te na escolha de Alberto Caeiro [heterónimo de Fernando Pessoa)como autor utilizado na prova, bem como no tema da composição, dedicada à memória. E o mesmo jornal citou um professor que confirmou ter tido acesso ao ficheiro dois dias antes da prova.

Ainda assim, Edviges Antunes Ferreira, presidente da Associação de Professore­s de Português, optou pela cautela na reação ao caso, lembrando que a aluna acertou no autor “mas não referiu qual o poema” que saiu na prova de Português (639) do Secundário e também “falava em contos” quando o outro texto da prova, de Vergílio Ferreira, era “memorabilí­stico, autobiográ­fico”. Porém, admitiu que, a confirmar-se, a fuga “põe em risco milhares de alunos”. P.S.T.

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