Pavilhão João Rocha viu a luz do dia com menção a Fernando Pessoa
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, citou Bruno de Carvalho numa cerimónia em que Moniz Pereira não foi esquecido
BRUNO PIRES Mais de dois mil sportinguistas estiveram no primeiro dia do Pavilhão João Rocha, oficialmente inaugurado às 19.43 quando o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, cortou a fita gigante que atravessava as bancadas do novo equipamento desportivo que custou, sensivelmente, dez milhões de euros e que contou com a contribuição de 22 956 sócios leoninos. Bruno de Carvalho, o presidente do Sporting, confessou estar a “viver um dos dias mais felizes” da sua vida e lembrou que aquele era um objetivo cumprido, invocando palavras de poeta, no caso Fernando Pessoa; “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. E ela nasceu com enorme pompa e circunstância.
Foi uma tarde de fervor clubístico que começou com a homenagem a Moniz Pereira, agora com direito a rua e com muito carinho dos sportinguistas como se percebeu em toda a cerimónia, e a inauguração da Rotunda Visconde de Alvalade que conta com duas frases na estátua do leão, uma do fundador Alfredo Augusto das Neves Holtreman e outra de Bruno de Carvalho.
Seguiram-se as inaugurações de três campos sintéticos, cada um deles com um padrinho de batismo com muito peso – Fernando Peyroteo, o “maior goleador da história do futebol”, como alegou Bruno de Carvalho, e os Bolas de Ouro Luís Figo e Cristiano Ronaldo.
O dia foi inesquecível para os sportinguistas, mas só o foi porque Ao lado o momento em que a fita era cortada, em cima um plano do espetáculo e em baixo Jorge Jesus ao lado do pai de Bruno de Carvalho, que trocou um efusivo abraço com o treinador para o final a cerimónia seria culminada com a inauguração do Pavilhão com o nome do antigo presidente João Rocha. A sua filha Margarida, num discurso emocionado, confessou que quando os sócios decidiram, seis meses antes da sua morte, por unanimidade e aclamação, que um futuro pavilhão (na altura não passava de um projeto por iniciar) teria o seu nome, João Rocha reagiu com alguma surpresa: “Sabes Magui”, começou por dizer à filha, “nos 13 anos em que fui presidente nunca quis honras especiais, tudo o que fiz foi por amor ao Sporting.” Os assobios a Medina Nos discursos das inaugurações da Rua Moniz Pereira e do Pavilhão percebeu-se que Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, e Bruno de Carvalho sentem uma mútua admiração. O presidente leonino referiu que o autarca “é o homem certo no lugar certo” e que o país “precisa de mais governantes” como o edil lisboeta. Esta afirmação valeu uma assobiadela mais dirigida a Fernando Medina que, uns minutos depois, destacou a “perseverança de Bruno de Carvalho”. E foi mais longe: “Em 2013 o país estava em recessão e as finanças do clube nas primeiras páginas, por isso deixo uma palavra de especial reconhecimento a Bruno de Carvalho por esta notável obra que perdurará. Só a sua determinação tornou isto possível.”
Bruno de Carvalho, que assumiu a função de apresentador, fez questão de repetir a frase proferida no lançamento da primeira pedra, em 2013. “Hoje é o dia da concretização de um sonho de mais de 3,5 milhões de sportinguistas. Este é o melhor, maior e mais bonito pavilhão de clube de Portugal. Disse que iríamos ter pavilhão Doyen a quem doer e aqui está.”
Em 2013 Vicente de Moura era o vice-presidente para as modalidades. Hoje já não está no Sporting, após ter saído por não concordar com críticas do presidente às modalidades. Mesmo assim esteve presente. Aos jornalistas disse que esta “também é uma obra” sua e que por isso está “orgulhoso”. Mas depois, sobre a demissão, sublinhou que fez “o que tinha de fazer”. Ao DN confidenciou que nunca mais falou com Bruno de Carvalho desde o dia em que se demitiu. POLÉMICA Francisco J. Marques acusa encarnados de espiarem o presidente da FPF e recolherem dados da vida íntima dos árbitros “O Benfica monitoriza os sms do presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes”: a acusação foi feita ontem à noite, pelo diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, no Porto Canal. O O dirigente portista citou alegados e-mails enviados em 2014 por Carlos Deus Pereira (então presidente da Assembleia-Geral da Liga) a Pedro Guerra, onde era entregue ao atual diretor de conteúdos da Benfica TV o conteúdo de centenas de sms’s de Fernando Gomes, atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol e à época máximo responsável da Liga de Clubes.
“Vou ler o e-mail enviado para o Pedro Guerra. ‘Os ficheiros são de sms’s do Fernando Gomes. Chamo à atenção das mensagens enviadas ao Tiago Craveiro, em que declara eterno amor ao azul e branco’. Eu tenho as sms’s, centenas, enviadas pelor Carlos Deus Pereira para Pedro Guerra. Ele acha que uma alegada violação de correspondência é diferente em 2017 do que em a 2014?”, apontou Francisco J. Marques.
O diretor de comunicação dos dragões acusou ainda Carlos Deus Pereira de avisar Pedro Guerra sobre assuntos da Liga de clubes. “O Benfica faz isto através do Carlos Deus Pereira e do Pedro Guerra. Há muitos e-mails do Carlos Deus Pereira para o Pedro Guerra a dizer ‘quando decidir [sobre assuntos da Liga] mando para si em primeira mão, antes de avisar os clubes’. Alguém acha que eles fazem isto sem conhecimento da pessoa que quer decidir a nota ao outro [uma menção a Luís FilipeVieira]? Estão enterrados até ao pescoço. É uma vergonha”, insistiu Francisco J. Marques.
No mesmo programa, o dirigente portista acusou os encarnados de trocar correspondência eletrónica com informações “de índole muito íntima de árbitros de futebol”. São emails em que Nuno Cabral [ex-delegado da Liga] se dirige a Pedro Guerra para dizer ‘esta pessoa assim-assim é amante de fulano de tal .... ’”, apontou Francisco J. Marques – já depois de ter anunciado que vai processar o diretor de comunicação do Benfica, Luís Bernardo, por ter este dito que ele recebia uma avença do FC Porto enquanto foi jornalista da Agência Lusa.