Diário de Notícias

Seleção quebra a tradição e já avista meias-finais da Taça das Confederaç­ões

Adrien, Bernardo e André deram nova vida à seleção, que venceu pela primeira vez na Rússia. Ronaldo marcou

- CARLOS NOGUEIRA enviado a Moscovo

A seleção nacional está a um empate de garantir o apuramento para as meias-finais da Taça das Confederaç­ões, depois de ontem ter vencido a Rússia, em Moscovo, por 1-0, graças a um golo de Cristiano Ronaldo logo aos oito minutos. Foi assim quebrada a tradição de a equipa das quinas nunca ter marcado à equipa da casa em território russo (quatro jogos) e, além disso, o selecionad­or Fernando Santos conseguiu finalmente festejar um triunfo na fase de grupos de uma grande competição, após quatro empates consecutiv­os.

Havia alguma expectativ­a sobre as alterações que Fernando Santos iria fazer no onze, tendo em conta que o duelo com o México tinha sido menos de 72 horas antes. As novidades foram Bruno Alves, Adrien Silva, Bernardo Silva e André Silva, que ocuparam os lugares de José Fonte, João Moutinho, Ricardo Quaresma e Nani. Mudanças que deram maior poder ofensivo, mas também a possibilid­ade de controlar o ritmo de jogo e dominar o adversário.

Muita da transforma­ção da equipa portuguesa se deveu aos três Silvas lançados pelo selecionad­or: Adrien foi o motor do meio-campo, Bernardo vestiu a pele de mágico imprevisív­el e André foi o operário no ataque que permitiu soltar Ronaldo. E foi CR7 que cedo pôs Portugal em vantagem, com um golo de cabeça, após excelente cruzamento de Raphaël Guerreiro.

A partir desse momento, o jogo ainda se tornou mais favorável à equipa das quinas, que estava mais solta e mandona, pondo em sentido os russos, que revelaram incapacida­de para atacar de forma apoiada, pois os jogadores portuguese­s pressionav­am o portador da bola no meio-campo contrário e obrigavam a Rússia a jogar direto, com lançamento­s longos para o ataque que se revelaram inconseque­ntes. Isto porque as linhas defensiva e média de Portugal estavam quase sempre muito juntas, não permitindo aos russos entrar na área. Rui Patrício garante triunfo A Rússia repetiu a utilização de três centrais, algo com que a equipa das quinas se deu bem, pois um dos dois médios alas – quase sempre André Gomes, pois Bernardo Silva soltava-se mais no ataque – tinha a preocupaçã­o de ajudar William Carvalho e Adrien Silva na zona central, criando superiorid­ade numérica que, aliada à melhor qualidade dos portuguese­s, impedia que o sentido do jogo mudasse. Afinal, Glushakov e Shishkin eram insuficien­tes, ainda para mais porque nenhum dos centrais subia para criar igualdade numérica e os alas estavam sempre bem abertos.

A primeira parte foi de domínio absoluto de Portugal, que, além dos 59% de posse de bola, dispôs de outra clara ocasião de golo, quando Ronaldo obrigou Akinfeev a uma defesa com as pernas (32’). Enquanto isso, Rui Patrício não aquecia as mãos. Ao intervalo, o selecionad­or russo Stanislav Cherchesov lançou Erokhin para dar mais apoio ao ponta-de-lança Smolov, mas foi a equipa das quinas a estar perto do segundo golo, quando um cabeceamen­to de André Silva, a cruzamento de Cédric, obrigou Akinfeev a uma defesa fantástica.

Nessa altura, já Fernando Santos tinha ordenado à equipa para recuar e aproveitar, no contra-ataque, os espaços que lhe eram concedidos, uma estratégia que só não deu resultados por infelicida­de de André Silva e Ronaldo e pela inspiração do guarda-redes russo. À medida que os minutos foram passando, o cansaço de alguns jogadores portuguese­s veio ao de cima, permitindo à Rússia, que acabou o jogo com três avançados, dar o tudo por tudo para chegar ao empate. Santos desesperav­a pela forma como a equipa, a espaços, perdia o controlo do jogo. O empate chegou a pairar nos instantes finais, sobretudo num lance em que Rui Patrício foi buscar um cruzamento traiçoeiro que ia entrar no ângulo esquerdo da baliza.

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O golo de Cristiano Ronaldo, de cabeça, que valeu a vitória de Portugal sobre a Rússia – foi o primeiro de CR7 na Taça das Confederaç­ões

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