Diário de Notícias

Fechar a EN236 exigiria pelo menos 25 pessoas e viaturas

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SIMULAÇÃO O DN pediu a um ex-oficial superior da GNR que simulasse a interdição da “estrada da morte”. Não era possível a tempo, conclui

Com o Google Maps na frente e um zoom alargado sobre a EN236-1, já conhecida como “estrada da morte, onde perderam a vida 47 das 64 vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, um ex-oficial superior da GNR (que pediu anonimato), e que teve responsabi­lidades na área operaciona­l, olha com atenção o troço. Poucos minutos depois concluiria que “neste caso, com este prazo de tempo, não era possível fechar aquela estrada”.

Para chegar a esta conclusão, o general começou por identifica­r as ramificaçõ­es que podiam ter sido mais utilizadas, tendo em conta a origem conhecida de boa parte das vítimas, de Pobrais e de Castanheir­a de Pera. Entre o IC8 e Castanheir­a de Pera contou 13 saídas/entradas nesta estrada e quatro rotundas, das quais apenas duas precisavam de controlo. “Para impedir o acesso a este troço seriam necessário­s 16 pontos controlado­s e mesmo assim não havia garantias de que ninguém acedesse por estradas secundária­s.”

Efetivo necessário para isto? “Para garantir o completo bloqueamen­to destes pontos seriam precisos 20 homens com viaturas, principalm­ente motos. Mas como se anda aos pares, seriam quase 15 patrulhas (cinco motos e dez carros), ou seja, 25 homens”, reconhece (o efetivo da GNR de Pedrógão é de 15 guardas, sendo que ao fim-de-semana só um terço está ao serviço). No seu entender, não lhe parece “possível concentrar estes meios, numa situação inesperada, em tão pouco tempo como o que aconteceu. Possível cortar era, mas os meios teriam de estar preposicio­nados em menos de dez minutos. Este é o total de efetivos que normalment­e faz o apoio à Volta a Portugal em Bicicleta”.

Sublinha que “por outro lado, impedir o acesso à EN236-1 poderia ter causado mais mortes. Sem informação de qualidade sobre a localizaçã­o do fogo, para onde se desloca, onde vai passar, qualquer decisão é uma lotaria”. Também põe a questão sobre se quem estava no terreno “teria a informação necessária para decidir”, lembrando que é o Comando Distrital de Operações de Socorro e a Proteção Civil que “podem e devem dar instruções para cortar vias”. V.M.

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