Marcelo exige respostas, mas depois dos partidos
O Presidente da República quer “resposta rápida e exaustiva”
O apelo do Presidente da República, feito ontem através de um texto publicado no Expresso, para que seja dada uma “resposta rápida e exaustiva” a “todas as interrogações sobre factos e responsabilidades” no incêndio de Pedrógão Grande terá pecado por tardio junto dos partidos. À exceção do PS, que não respondeu ao DN, todos lembraram que já tinham antes feito exigência idêntica. O PSD não quis comentar oficialmente, mas fonte do grupo parlamentar não deixou de apontar que “é bom ver que o Presidente acompanha finalmente a posição do PSD de responsabilidade e empenho total no apuramento da verdade, quando se torna cada vez mais claro que o governo e o primeiro-ministro tentaram enganar os portugueses e o próprio Presidente da República ao longo dos últimos dias. O otimismo manipulado de António Costa é desmontado com esta posição do Presidente”.
Há uma semana, quando se começava a conhecer o elevado número de vítimas, o Presidente disse que “o que se fez foi o máximo que se podia fazer”. Agora, vem pedir responsabilidades.
Nuno Magalhães, líder da bancada centrista, lembra que “o CDS respeita o luto do país, respeitou que o que era prioritário, que era salvar vidas, mas nunca esqueceu que era essencial saber o que realmente aconteceu na tragédia de Pedrógão Grande. Terminado o luto, na passada quinta-feira, o CDS fez 25 perguntas por escrito ao primeiro-ministro e espera, face ao que já se sabe hoje, que tenham uma resposta urgente”. Questionado sobre se o partido pensa pedir alguma “cabeça” do governo, o centrista finta a pergunta, respondendo que “o CDS mantém o seu sentido de responsabilidade, mas vê com preocupação algumas notícias que têm vindo a público”. Haverá “tempo para isso”.
PCP e BE remetem as suas respostas para as declarações que os seus dirigentes fizeram em inter-
venções durante a tarde deste sábado. Também não comentando diretamente a exigência do PR. Jerónimo de Sousa, em Vila Real de Santo António, elencou várias medidas que têm sido propostas, ao longo dos últimos anos, pelo seu partido e cuja execução “provavelmente” teria evitado “a dimensão da catástrofe”. O secretário-geral do PCP falou da pequena e média agricultura, “com um papel único na ocupação do território”; na aposta nas “espécies autóctones” no ordenamento florestal”, na criação de 500 equipas de sapadores florestais, “previstas desde 2012”, havendo apenas 300 atualmente, da “reativação do corpo de guardas-florestais, com cinco mil elementos, extinto em 2016”. Tudo por culpa, “por falta de assumir com coragem a opção de romper com a política de direita e com os ditames da União Europeia”. “O PCP não sairá da primeira linha dos que exigirão que seja dada resposta imediata aos que perderam pessoas, bens e economias. Como não deixará de contribuir para atacar as causas mais fundas do problema, encontrar respostas de curto prazo, exigir que entre comissões de inquérito e polémicas estéreis não se fuja ao que tem de ser feito e há décadas não é feito”, afirmou o líder comunista.
Já a coordenadora do BE, Catarina Martins, quer que a Autoridade Nacional de Proteção Civil apresente até ao fim do mês um “programa de emergência” que tire “consequências do que correu mal na tragédia de Pedrógão Grande”, corrija erros e responda à sua missão no verão. V.M.