Diário de Notícias

Renascido das cinzas, Parma já sonha com o regresso à Serie A Entre 1992 e 2002, o Parma venceu três Taças de Itália, uma Supertaça, uma Taça das Taças, duas Taças UEFA e uma Supertaça Europeia

Itália. Vencedor de quatro troféus europeus na década de 1990, o emblema gialloblù declarou falência há dois anos, alterou o nome e teve um nuovo inizio na quarta divisão. Já está na Serie B

- DAVID PEREIRA

Início dos anos 1990. O futebol italiano vivia um período áureo, com o Milan de Arrigo Sacchi, a Juventus de Roberto Baggio, o Nápoles de Maradona, a Sampdoria deVialli, o Inter de Klinsmann e a Fiorentina de Batistuta, além de Roma e Lazio. Ainda assim, o emergente Parma, controlado pela multinacio­nal de produtos lácteos Parmalat, encontrou espaço para ser protagonis­ta a nível interno e fora de portas.

Numa década memorável, o clube conquistou três Taças (1991-92, 1998-99 e 2001-02), uma Supertaça (1999), uma Taça das Taças (1992-1993), duas Taças UEFA (1994-95 e 1998-99) e uma Supertaça Europeia (1999). Faltou apenas o título nacional, que esteve a dois pontos em 1996-97.

O caminho da euforia para a depressão, contudo, foi percorrido em apenas um par de anos. Em 2004, o clube declarou insolvênci­a, após a Parmalat ter entrado em falência, teve de ser refundado e nunca mais foi o mesmo. Quatro épocas volvidas, caiu na Serie B depois de 18 anos entre a elite. Duplamente vendido por... um euro O conjunto da região de Emília-Romanha voltaria à elite do futebol transalpin­o, mas sem a força de outrora. A temporada 2014-2015 primou pelo desastre: começou com o impediment­o de participar nas competiçõe­s europeias devido a atrasos no pagamento de impostos; duas mudanças de proprietár­ios, ao preço de... um euro cada; último lugar na Serie A, prova na qual foi penalizado em sete pontos devido a salários em atraso; e falência declarada em março por dívidas de 218 milhões de euros (dos quais 63 milhões em salários).

A bancarrota ditou o renascer das cinzas, na Série D (quarta divisão), obrigando os gialloblù (amarelos e azuis) à quinta mudança de nome da sua história, de Parma Football Club SpA para SSD Parma Calcio 1913. Um grupo de investidor­es parmesões criou uma sociedade denominada Nuovo Inizio (Novo Início), com capital social de dois milhões de euros, para gerir o clube, e o antigo treinador da equipa entre 1989 e 1996, Nevio Scala, tornou-se presidente.

Logo na primeira temporada, subiu um degrau, vencendo categorica­mente o Grupo D do quarto escalão: 28 vitórias, dez empates e nenhuma derrota. Já a segunda época após a ressurreiç­ão, 2016-17, foi um pouco mais complicada, mas culminou em nova promoção, desta vez à Série B, após vencer um

play-off que contou com a participaç­ão de mais 27 equipas, há cerca de uma semana. “Esta subida foi conquistad­a com os dentes. Só nós sabemos o que passámos. Se fosse pelo meu irmão Cristiano (antigo internacio­nal italiano), nem sequer tinha disputado a Série D, para não manchar a minha carreira. Mas, mesmo que o recomeço fosse incerto, sempre confiei na reconstruç­ão do Parma”, afirmou o capitão Alessandro Lucarelli, 39 anos, o único que continuou na equipa após a falência.

Lucarelli está em final de contrato e ainda não se sabe se vai continuar, mas conquistou o coração dos adeptos parmesões, que não deixaram esfriar a paixão pelo clube, continuara­m a povoar as bancadas do Ennio Tardini, bateram o recorde da Série D relativo a bilhetes de época vendidos (nove mil) e festejaram em apoteose a subida à segunda divisão na Praça Garibaldi, onde outrora se celebraram títulos de primeira linha.

“Camisola tem um certo peso” Consumada a promoção à Série B, já se fala na terceira subida consecutiv­a e consequent­e regresso ao patamar maior do calcio. Sem nomes sonantes, à exceção de Lucarelli, o plantel maioritari­amente composto por futebolist­as experiente­s poderá receber um reforço de peso: Alberto Gilardino, autor de 56 golos pelo Parma entre 2002 e 2005 e que, aos 34 anos, poderá regressar assim que terminar contrato com o Pescara, no dia 30.

O diretor desportivo Daniele Faggiano não abre o jogo, mas promete não entrar em loucuras e diz que quer “consolidar” antes de “falar sobre a Série A”. “Vamos ser cautelosos no mercado. A camisola do Parma tem um certo peso e nem todos os ombros são suficiente­mente grandes para a carregar”, vincou o dirigente. E com alguma razão, a julgar pelos nomes que já a vestiram: Buffon, Crespo, Verón, Cannavaro, Zola, Asprilla, Brolin, Taffarel, Adriano ou Thuram.

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