Diário de Notícias

AEROSMITH OS SOBREVIVEN­TES DO ROCK TOCAM ESTA NOITE NO MEO ARENA

A MEO Arena recebe a grande banda do outro lado do Atlântico após espetáculo­s pela América do Sul e Europa. Uma despedida, pelo menos dos palcos, garante Steven Tyler

- JOÃO CÉU E SILVA

A banda Aerosmith já tem 45 anos de carreira mas essa realidade não vai impedir que os velhotes que vão subir ao palco da MEO Arena façam má figura. Até porque esta Aero-Vederci Baby! Tour não tem defraudado as multidões que têm ido assistir aos concertos da digressão de despedida da única grande banda norte-americana em função. Diga-se que parte da plateia que tem enchido os recintos da digressão europeia nem chegou ainda a essa idade, o que não impede que esses “netos” não apreciem a descarga elétrica das guitarras que a atuação dos Aerosmith continua a provocar ou a voz com um timbre bem próprio de Steven Tyler, que embala os espetadore­s que amam o rock.

Para estes, será só à terceira canção que a adrenalina vai subir, quando os primeiros acordes de Cryin’ se fizerem ouvir no pavilhão do Parque das Nações e se recordarem do vídeo desta música, no qual uma diáfana Lolita surge com uma amiga a passear de carro e a dar uma boleia a um jovem que vai ser vítima destas duas meninas. Uma dela, Liv, é filha do vocalista da banda e não deixa Tyler ficar mal. Mesmo que ele continue a usar umas écharpes foleiras à volta do pescoço, talvez para esconder as rugas ou entreter as mãos quando não estão agarradas ao microfone.

Vamos aos factos. Os Aerosmith são considerad­os os sobreviven­tes das grandes bandas de rock da América. É verdade no que toca à condição de sobreviven­tes, pois as restantes ou separaram-se ou perderam elementos fundamenta­is. Entre as grandes havia os Crosby, Stills, Nash & Young, que seguem caminhos separados. Noutras áreas musicais, existiam os Nirvana, mas o tiro dado em si próprio por Kurt Cobain eliminou o percurso. Ou os Eagles, uma das melhores coisinhas nascidas no outro lado do Atlântico, que perderam no ano passado Glenn Frey, após passarem por Lisboa também na despedida. Há muitas outros supergrupo­s, só que os Aerosmith são os únicos que continuam na estrada teimosamen­te e com membros originais ainda na composição que vem a Lisboa. Mesmo que nada garanta que esta seja a despedida, as estrelas do rock têm destas reviravolt­as, mas, como esta foi intitulada a Aero-Verdeci Tour, a partir daqui não haverá muito mais a esperar por parte da banda a não serem regressos esporádico­s.

Pode-se perguntar se a alegada despedida dos palcos para Steven Tyler, Joe Perry, Joey Kramer, Tom Hamilton e Brad Whitford torna obrigatóri­a a ida à MEO Arena ver os velhotes? Os argumentos a favor são mais a favor de um sim do que a um encolher de ombros. Há quem diga que são uma banda fundamenta­l e a digressão com que têm percorrido uma grande parte do mundo diz que sim. Os espetáculo­s europeus têm tido milhares de fãs a assistir e ninguém sai frustrado. Basta ir ver as reportagen­s que confirmam multidões infernizad­as pela música dos Aerosmith nestas últimas semanas.

Uma digressão que já vem embalada por uma longa travessia da América do Sul, e que também tem proporcion­ado aos membros da banda aproveitar­em os cenários geográfico­s por onde têm andado, basta ver a fotografia de Steven Tyler a boiar no mar Morto enquanto lê uma notícia num jornal sobre os Aerosmith em Israel.

Num ano em que os megaespetá­culos não são muitos em Portugal, os Aerosmith proporcion­am o banho de guitarras que caracteriz­am a banda e a voz de Tyler, que se mantém muito aceitável, mesmo quando esganiçada, e podem fazer deste o espetáculo do ano – neste género – no nosso país. E, como a própria banda não pretende fazer uma despedida fracota, o que se vai ver e ouvir na MEO Arena são os seus grandes sucessos. Um caldeirão de refrãos conhecidos e de temas que se reconhecem de imediato. Apesar de os fãs mais ferrenhos criticarem o uso e abuso de versões de outros pela banda neste alinhament­o, deixando de lado o material da casa. Nada que vá incomodar os portuguese­s, pois quem não gosta de ouvir o Come Together dos Beatles tocado por estes meninos – é tudo daquela geração! –, ou as duas dos Fleetwood Mac que recriam – a grande banda americana –, e até uma imitação de James Brown... Uma garantia que a presença em palco dos Aerosmith dá é a sua espetacula­ridade, pois não se vendem mais de cem milhões de álbuns nem se ganha tantos prémios – Grammy (quatro), American Music Awards (oito), Billboard Awards (seis)e MTV Awards (12) – na indústria do disco, bem como uma centena de discos de ouro e platina, que lhes dão o grande recorde norte-americano, sem fazer estardalha­ço a sério.

O guitarrist­a Joe Perry, na antevisão da digressão, prometeu que esta, três anos depois da anterior, vai ser em grande: “Posso falar por todos que mal podemos esperar para lá chegar e mostrar esta grande produção. Na última tournée na América do Sul estávamos a todo o gás e não há motivo para parar agora.” Por isso mesmo a abertura será com Let the Music Do the Talking!

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