Diário de Notícias

TAÇA PORTUGAL TEM APOIO RUSSO NO JOGO COM O CHILE WTCC TIAGO MONTEIRO NA LIDERANÇA MUNDIAL

Hotel da seleção tem sido um dos pontos de atração de São Petersburg­o. Cristiano Ronaldo e Pepe despertam paixões

- CARLOS NOGUEIRA enviado a São Petersburg­o

São Petersburg­o é uma cidade que fervilha de turistas de várias nacionalid­ades. Muitos chineses, alguns italianos e hispânicos. Os habitantes da cidade envolvem-se naquele turbilhão de pessoas que ocupam os passeios das largas avenidas, onde o apelo dos restaurant­es e do comércio é constante. A temperatur­a ajuda e a Taça das Confederaç­ões acaba por ser uma motivação extra para os russos irem para a rua, à procura de sentirem um pouco do ambiente que terão no próximo ano quando receberem o Mundial.

A seleção nacional sabe bem o que é esta agitação, pois a porta do luxuoso hotel onde a comitiva está instalada, na Avenida Nevsky, uma das principais e mais movimentad­as da cidade, tem sido ponto de confluênci­a de várias pessoas, sobretudo jovens, que querem ver de perto os jogadores portuguese­s, com Cristiano Ronaldo à cabeça, mas não só. Na primeira noite, alguns ficaram boquiabert­os ao saberem que, ali bem debaixo do seu nariz, estava a seleção portuguesa, como foi o caso deVictoria, uma jovem ucraniana que vive há três anos em São Petersburg­o, que teve a curiosidad­e de perguntar por que estava ali tanta gente parada.

Agora, já ninguém se concentra na entrada principal do hotel. Não que a seleção tenha deixado o local, isso só acontecerá nesta tarde, mas porque já todos perceberam que, para verem as estrelas portuguesa­s, o melhor é estar nas traseiras, onde o autocarro para para os jogadores entrarem ou saírem. Ontem de manhã, poucas horas após Portugal ter confirmado o apuramento para as meias-finais e após a eliminação da Rússia, eram poucas as pessoas que ali estavam, à espera de cumprirem o sonho de ver as suas estrelas e, quem sabe, conseguir um autógrafo.

Entre a dezena de jovens presentes havia o sentimento comum de ver Portugal conquistar a Taça das Confederaç­ões. Pavel Gunko, de 24 anos, veio de propósito de Moscovo com a namorada, Alekhina Julia, para assistir ao Portugal-Nova Zelândia. “Parece longe porque a Rússia é um país muito grande, mas a viagem de avião dura menos de uma hora e meia”, conta este ex-jogador de hóquei no gelo, que deixou claro que irá “torcer para que os portuguese­s vençam” o torneio.

O amigo, Daniel Yuvkin, 21 anos, é ucraniano nascido na Crimeia, mas faz questão de dizer que é russo. Tal como Pavel, também está a torcer por Portugal e garante que a eliminação da Rússia não causou surpresa: “Temos aqui jogadores com salários elevados, mas não merecem o que ganham, pois não têm qualidade”, atirou, lembrando que o hóquei no gelo é o desporto de eleição no país. “Eu joguei hóquei desde os 15 anos, cheguei a ser profission­al e sei que é isso que entusiasma os russos. Temos muitos e bons praticante­s, por isso somos competitiv­os”, revela Gunko.

Enquanto falavam ao DN, as respetivas companheir­as pareciam concordar, embora garantisse­m que só estavam ali à porta das traseiras do hotel da seleção para “fazer companhia” aos namorados, frisou Ksenia Belova, 21 anos, residente em São Petersburg­o, tal como Yuvkin.

Pavel Gunko falou com orgulho de ter estado no Estádio Krestovsky a ver o jogo de Portugal. “Sou um grande fã do Real Madrid e por isso queria ver ao vivo os jogadores do meu clube, o Pepe e o Ronaldo”, resume, pouco se importando que à mesma hora estivesse a jogar a Rússia com o México. “Eu gosto do meu país, mas o futebol aqui não é bom, não há uma aposta dos políticos em desenvolve­r o futebol”, acrescento­u Gunko, perante a concordânc­ia de Daniel Yuvkin, que servia de tradutor àquilo que dizia o amigo. Os três “fabulosos” da seleção Entusiasma­da com a perspetiva de ver os seus ídolos estava Valeriya Artyukhova, 24 anos, que fez logo uma revelação: “Vou torcer por Portugal.” O riso tímido e algo nervoso contrastav­a com a forma decidida como falava de algo que espera vir a conhecer em breve. “Gosto muito de Portugal. Nunca lá estive, mas quero lá ir no próximo ano”, frisou Valeriya, ansiosa por ver de perto Ronaldo, mas também Pepe e Rui Patrício. Estes três jogadores recolhiam também as preferênci­as de Maria Serelesova, que os definiu com uma palavra em inglês: “Awesome.” Que é como quem diz, maravilhos­os, fabulosos, belos ou assombroso­s...

Já Natalia Kigis, de 15 anos, falava da preferênci­a por Pepe por ser do Real Madrid e não só. “Além de ser bonito, é muito engraçado”, atirou, enquanto Serelesova denun- ciou o “apoio a Portugal por causa de Cristiano Ronaldo”.

Entre os russos, não é só o futebol que os atrai em Portugal. Há um certo fascínio por um país de clima bem mais ameno e que têm muita curiosidad­e em conhecer. Não sabem ao certo o porquê... “Não sei muito sobre Portugal, mas o que ouço é que é um país muito bonito... pelo menos são bons no futebol”, desabafou Daniel Yuvkin, sorridente.

Nos estádios essa química entre a seleção e o povo russo foi quase automática, pois logo em Kazan o apoio em torno de Cristiano Ro-

naldo foi uma constante no jogo com o México. Mesmo diante da Rússia, em Moscovo, apesar de o apoio à seleção da casa não ter faltado, CR7 foi, de muito longe, o mais aplaudido no Estádio do Spartak. Em São Petersburg­o, também Pepe sentiu um enorme carinho... foi de tal forma que, perto do fim do jogo, o defesa retribuiu com um aceno que fez vibrar o público.

Com a escassa presença de adeptos portuguese­s na Rússia, a equipa das quinas tem a certeza de que terá um forte apoio entre os russos... e não é apenas por causa de Cristiano Ronaldo.

 ??  ?? Adeptos russos ontem à porta do hotel onde a seleção está instalada em São Petersburg­o. Em baixo, Cristiano Ronaldo num momento de descontraç­ão
Adeptos russos ontem à porta do hotel onde a seleção está instalada em São Petersburg­o. Em baixo, Cristiano Ronaldo num momento de descontraç­ão
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