Diário de Notícias

Partidos exigem respostas mas não pedem demissões

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INCÊNDIOS A ministra da Administra­ção Interna disse que tirará as “devidas ilações” se a comissão de peritos apontar falhas suas

Nenhum partido político assume, para já, um pedido de demissão direto da ministra da Administra­ção Interna. Constança Urbano de Sousa disse, em entrevista ao DN, que tiraria “as devidas ilações” caso a comissão de peritos independen­tes que vai investigar o incêndio de Pedrógão Grande, que provocou pelo menos 64 mortos, conclua que houve falha dos serviços que tutela. Todos os partidos exigem respostas para a tragédia, mas nem a oposição do PSD nem a do CDS pedem a cabeça da governante que tutela entidades com responsabi­lidade na coordenaçã­o da prevenção e combate dos fogos.

Para Passos Coelho, “não vale a pena vir acenar com a caça às bruxas (uma expressão utilizada pela ministra na entrevista), não vale a pena sacudir a água do capote, não vale a pena desdramati­zar. Hoje sabemos que alguma coisa não correu bem para acontecer o que aconteceu e portanto não devíamos desdramati­zar na altura como não podemos desdramati­zar agora”. Para o líder do PSD, “quem exerce funções públicas não só deve estar à disposição dos outros como deve fazer tudo ao seu alcance para que os poderes públicos possam funcionar, mesmo que em circunstân­cias muito adversas ou imprevista­s”.

Nuno Magalhães, presidente da bancada do CDS, recorda que o seu partido fez “26 perguntas muito concretas” à ministra “e espera 25 respostas concretas e rápidas”. Aproveita para dar um “conselho” a Constança Urbano de Sousa: “Que dê menos entrevista­s a dizer que fez perguntas e que procure e dê mais respostas! Se continuamo­s assim, com o primeiro-ministro a perguntar à ministra, esta a perguntar ao secretário-geral do MAI, este à empresa SIRESP, mais um pouco e ainda vai ser o cabo da GNR ou o bombeiro de Pedrógão a ter de dar respostas ao governo...”

O PS destaca, da leitura da entrevista, “a reafirmaçã­o da disponibil­idade do governo de colaborar em todos os processos de averiguaçã­o e avaliação integral de todos os procedimen­tos que estiveram em causa na tragédia de Pedrógão Grande”. O deputado Jorge Lacão, designado porta-voz para os incêndios, sublinha que essa “disponibil­idade de colaboraçã­o” se estende à comissão de peritos independen­te que a Assembleia da República “deverá, como se prevê, criar”. Concluiu sublinhand­o o “alerta” deixado pela governante “e que também já tinha sido lançado pelo primeiro-ministro, de que não nos podemos esquecer de que há um desafio enorme pela frente que é o do reforço das florestas”.

O secretário-geral do PCP recusou “julgamento­s prévios” de responsabi­lidades acerca do incêndio de Pedrógão Grande defendendo a prioridade no auxílio às populações e uma investigaç­ão da qual resultará, “com certeza, uma apreciação política”. “O importante é fazer a averiguaçã­o, a investigaç­ão, e daí resultará com certeza uma apreciação política das causas e dos responsáve­is. A própria ministra admite fazer a avaliação do resultado dessas investigaç­ões”, declarou Jerónimo de Sousa, à saída da reunião do Comité Central.

O BE não quis acrescenta­r “nada mais” em relação ao que a sua coordenado­ra tinha afirmado no sábado. Catarina Martins quer que a Proteção Civil apresente, até ao fim do mês, um “programa de emergência” que tire “consequênc­ias do que correu mal na tragédia de Pedrógão Grande”, corrija erros identifica­dos e responda à sua missão no verão. VALENTINA MARCELINO

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Constança Urbano de Sousa, ministra da Administra­ção Interna

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