“Os municípios podem avançar já com o registo de terras”
O seu colega de Pedrógão está agastado com a atuação da Proteção Civil. Em Góis, já foi feita alguma avaliação ao combate aos incêndios? A situação em Pedrógão foi muito mais dramática, é incomparável com a nossa situação. Felizmente, neste concelho não houve vítimas mortais. Não tivemos uma única vítima, o que significa que foi feito um bom trabalho na proteção de pessoas e bens. Foi muito difícil combater as chamas, dada a morfologia do terreno. Temos uma área significativa que ardeu, mas conforta-nos o facto de não ter havido vítimas mortais. O que pretendem fazer? Estamos a ultimar os levantamentos. A área ardida pode rondar os 10 a 11 mil hectares. Estes são os dados que nos foram fornecidos pelo Instituto de Conservação da Natureza. Feito os levantamentos da área ardida, das necessidades com intervenção nas vias e sistemas de água e junto dos agricultores e apicultores, nós vamos acionar a comissão de Proteção Civil, fazer o ponto de situação dos prejuízos. Depois temos de contar com apoios da administração central. E ficariam os municípios a gerir esses apoios? Já fiz o repto: enquanto entidades mais próximas dos cidadãos, os autarcas provam todos os dias que sabem gerir dinheiros públicos. Queremos que nos facilitem algum apoio financeiro, que terá uma contribuição dos municípios. Com esse apoio, assinaremos uma carta de compromisso com o que pretendemos fazer para revitalizar e reflorestar a área ardida. E naquilo que falharmos, peçam-nos responsabilidades. Andamos todos a falar da mesma coisa, mas é preciso objetivar. Não seria mais útil que os municípios mais afetados pelos incêndios se unissem e partissem para um projeto comum de reflorestação da área ardida? Tudo o que for supramunicipal tem sempre uma valia própria. Defendo que o supramunicipalismo tem dado frutos. Podemos avançar em grupo, desde que o fundo que vier a ser disponibilizado tenha em conta que nem todos tivemos os mesmo prejuízos. Mas não me choca nada que a estratégia seja supramunicipal. Um novo projeto de reflorestação? É uma ideia interessante. Mas há décadas que se anda a falar do registo de terras. Por isso podiam dar a possibilidade aos municípios para criar equipas e avançar com o processo. Isso criaria emprego e poderíamos iniciar já esse registo, identificar os terrenos com dono e sem dono. É preciso fazer renascer esta região.