Diário de Notícias

“Agora fazem o combate ao fogo com a evacuação de pessoas”

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Está convencido com a teoria da “trovoada seca”? Não li o relatório da Polícia Judiciária. Estive lá 36 anos e acredito na PJ. O meu problema é este: eu estava a menos de um quilómetro, em Escalos do Meio. Não ouvi trovoada, quem lá estava não viu. Quando vi o fumo, arranquei. Certo é que quando cheguei a Pedrógão o fogo já lá estava. Ou seja, foi mesmo algo anormal? Há um fenómeno que tem de ser investigad­o: estavam 44º, 0º de humidade e apareceu um furacão. Eu vi. Parece é que o clima que hoje vivemos cá é o mesmo de África, um clima tropical. Por isso temos de saber que tipo de árvores queremos para o futuro. O que deve ser feito? Gostava que estes terrenos que arderam fossem um projeto-piloto para a floresta. Abrir estradas, ordenament­o, refloresta­mento. Era bom que estes concelhos fossem um projeto novo, para criar uma floresta como deve ser. E reestrutur­ar a Proteção Civil? Não quero ofender ninguém, porque foram estupendos. Mas retiraram o comando ao comandante distrital de Leira. Não gostei disso. Depois foram para Ansião. A câmara é que está a fazer de posto de comando. Tenho estado no terreno todos os dias. Gostava de estar com os meus conterrâne­os, mas ainda não tive tempo. Tenho 680 mensagens no telemóvel para ler, ainda não as li. Sempre suspeitei que havia animais mortos. O veterinári­o da câmara e uma pessoa confirmara­m e tiveram de ser eles a retirá-los dos locais, porque isso é um perigo para a saúde pública. Já fez críticas ao trabalho do centro de comando da Proteção Civil e à falta de elementos de ligação dos bombeiros locais com as restantes companhias. Durante as operações fez estes reparos? Ficamos no centro de comando como observador­es. Não nos perguntara­m nada. Se me opusesse, punham-me na rua. Um presidente de junta estava na sua localidade a acompanhar as pessoas e queriam evacuá-lo. Ele pediu para levarem as mulheres, as crianças e os idosos e os com mais saúde ficavam a ajudar no combate. E disseram-me: ele tem de vir, ou vem algemado. Agora o combate ao fogo faz-se com a evacuação das pessoas. Não é uma tática boa. Isto está muito mau. É preciso rever os conceitos. Por onde andou o comandante dos bombeiros de Pedrógão? A apagar o fogo. Não o incluíram na estrutura de comando. É incompreen­sível, há qualquer coisa nisto que não faz sentido.

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VALDEMAR ALVES PRES. CÂMARA DE PEDRÓGÃO GRANDE

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