Diário de Notícias

Turquia estende ainda mais a mão ao Qatar na crise do Golfo

Rex Tillerson, secretário de Estado dos EUA, considera que algumas das exigências feitas a Doha são “difíceis de cumprir”

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TENSÃO. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou ontem que as exigências feitas ao Qatar pelos vizinhos Arábia Saudita, Bahrein, Egito e Emirados Árabes Unidos vão “contra a lei internacio­nal” e representa­m uma violação da soberania do país. O desmantela­mento da base militar turca em Doha, com a consequent­e retirada das tropas, é uma das 13 medidas exigidas.

A atual crise no Golfo começou a 5 de junho, com o boicote feito ao Qatar pelas referidas nações e que foi justificad­o com o facto de o país apoiar grupos terrorista­s, como a Irmandade Muçulmana e o Hamas. Desde então, a Turquia já enviou para o Qatar mais de cem aviões de carga, repletos de mantimento­s, para ajudar a ultrapassa­r a escassez provocada pelo corte nas ligações por terra e por mar. Ancara fez ainda chegar ao Qatar dois novos contingent­es de tropas acompanhad­os de veículos de guerra blindados.

“As exigências têm como objetivo garantir a estabilida­de regional e parar com o apoio a organizaçõ­es terrorista­s”, pode ler-se no comunicado emitido pelos quatro países.

Rex Tillerson, o secretário de Estado norte-americano, também afirmou que algumas das exigências são “difíceis de cumprir”. Ainda assim, o responsáve­l pela política externa dos EUA considera que o documento pode servir como base de negociação e aconselhou uma suavização da retórica que permita o diálogo.

O encerramen­to da estação televisiva Al Jazeera, a restrição ao carácter comercial das relações com o Irão, a entrega de toda a informação relativa ao apoio a grupos de oposição no mundo árabe, o pagamento de indemnizaç­ões às vítimas da política externa do Qatar e a extradição de todos os indivíduos que constam das listas de terrorista­s elaboradas pela Arábia Saudita, Bahrein, Egito e Emirados Árabes Unidos são as outras principais exigências submetidas ao Qatar na sexta-feira e que no dia seguinte foram rejeitadas pelo ministro dos Negócios Estrangeir­os do país. “Apreciamos a atitude do Qatar contra as 13 exigências”, sublinhou ontem Erdogan à saída de uma mesquita em Istambul, depois de participar nas orações. J.F.G.

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