Prémio de ficção para filme checo em Espinho
Filmes da República Checa e Bielorrússia arrebataram os prémios principais
A 13.ª edição do FEST – Festival de Espinho, dedicado a “novos realizadores e novos filmes”, encerra hoje com a exibição dos principais títulos vencedores (o palmarés foi divulgado em sessão realizada ontem, ao fim da tarde). Os dois principais prémios para longas-metragens, designados Linces de Ouro, respetivamente nas categorias de ficção e documentário, foram atribuídos a Filthy, de Tereza Nvotová (República Checa), e The Road Movie, de Dmitrii Kalashnikov (Bielorrússia). O primeiro narra o drama de uma estudante de 17 anos, violada por um professor, enquanto o segundo se constrói a partir de imagens recolhidas pelas pequenas câmaras que milhões de cidadãos russos passaram a usar no tablier dos seus automóveis, para dirimir eventuais conflitos; desafiando as fronteiras do próprio género documental, o filme de Kalashnikov é mesmo um caso exemplar de reavaliação, através da montagem, das imagens registadas por muitas das câmaras “neutras” que passaram a existir no nosso quotidiano.
Os Linces de Prata distinguiram curtas-metragens das várias secções do certame. Assim, na ficção, documentário e animação foram premiados três títulos de produção belga: sucessivamente, Downside Up, de Peter Ghesquiere, Homeland, de Sam Peeters, e Antarctica, de Jeroen Ceulebrouck. O polaco Apocalypse, de Justyna Mytnik, venceu a secção experimental.
O Grande Prémio Nacional, destinado à melhor curta-metragem portuguesa, coube a Maria sem Pecado, de Mário Macedo; Um Refúgio Azul, de João Lourenço, e 78.4 Rádio Plutão, de Tiago Amorim, receberam menções honrosas. Na secção NEXXT, organizada em colaboração com várias escolas de cinema internacionais, foi distinguido Bond, de Judit Wunder, uma produção de origem húngara.
Muito para além dos prémios, o FEST ficou marcado pelas várias masterclasses de personalidades como Melissa Leo (atriz americana “oscarizada” pelo seu trabalho em The Fighter – Último Round), Allan Starski (o designer polaco que ganhou um Óscar com A Lista de Schindler) ou Edward Lachman (colaborador regular de Todd Haynes, nomeadamente em filmes como Longe do Paraíso e Carol).
Particularmente estimulante foi também a participação do ator português Nuno Lopes, expondo de forma muito pedagógica a complexidade que o trabalho de representação pode envolver. É essa, afinal, a filosofia reiterada pelo certame dirigido por Filipe Pereira: propor um ziguezague entre os testemunhos de profissionais experimentados e a revelação de filmes assinados por jovens cineastas.