Encontrar uma solução
Anestesistas, ginecologistas, oncologistas, pneumologistas, radiologistas e médicos de outras 17 especialidades. São as necessidades apontadas só para as unidades de saúde de Évora, mas mesmo com os incentivos lançados quer por este governo quer pelo anterior, não parece estar nem perto a resolução do problema. Nos últimos dois anos foram abertas 1710 vagas em hospitais e centros de saúde para especialidades consideradas carenciadas, mas a maioria ficou por preencher. E mesmo as condições criadas já pelo atual ministro para tentar captar mais médicos para onde eles são necessários – incluindo a redução de cinco para três anos no tempo de contrato e um aumento dos incentivos financeiros de 21 mil para 36 mil euros brutos – parecem não convencer muitos clínicos a deslocar-se. No total, há hoje apenas 81 especialistas a beneficiar destas condições especiais e só 19 responderam ao apelo de Adalberto Campos Fernandes. Não há muitas dúvidas de que os sucessivos programas falharam e o problema subsiste: não há médicos para trabalhar em regiões como o Norte alentejano ou o interior do país e as populações que vivem nessas áreas – muitas vezes envelhecidas e a precisar de maiores cuidados – ficam apenas com a opção de fazer centenas de quilómetros para terem acesso ao Serviço Nacional de Saúde. A resposta para o problema não é simples, com a Ordem e os sindicatos a defender que os fatores de compensação têm de ser reforçados para garantir mais aceitação. Mas talvez não fosse descabido criar um sistema de deslocalização temporária para os especialistas que trabalham no Serviço Nacional de Saúde. O método de colocação de professores podia até servir de base a esta nova organização, que nem precisava de ser tão rígida. Poderia passar, por exemplo, por levar médicos especializados em determinadas áreas a passar um mês por ano nesses hospitais e centros de saúde onde fazem falta. Há outras soluções possíveis, claro, mas não é justo sabermos que as coisas não estão a funcionar e continuarmos a assobiar para o lado e a pensar que o problema é dos outros.