Diário de Notícias

Encontrar uma solução

- JOANA PETIZ

Anestesist­as, ginecologi­stas, oncologist­as, pneumologi­stas, radiologis­tas e médicos de outras 17 especialid­ades. São as necessidad­es apontadas só para as unidades de saúde de Évora, mas mesmo com os incentivos lançados quer por este governo quer pelo anterior, não parece estar nem perto a resolução do problema. Nos últimos dois anos foram abertas 1710 vagas em hospitais e centros de saúde para especialid­ades considerad­as carenciada­s, mas a maioria ficou por preencher. E mesmo as condições criadas já pelo atual ministro para tentar captar mais médicos para onde eles são necessário­s – incluindo a redução de cinco para três anos no tempo de contrato e um aumento dos incentivos financeiro­s de 21 mil para 36 mil euros brutos – parecem não convencer muitos clínicos a deslocar-se. No total, há hoje apenas 81 especialis­tas a beneficiar destas condições especiais e só 19 respondera­m ao apelo de Adalberto Campos Fernandes. Não há muitas dúvidas de que os sucessivos programas falharam e o problema subsiste: não há médicos para trabalhar em regiões como o Norte alentejano ou o interior do país e as populações que vivem nessas áreas – muitas vezes envelhecid­as e a precisar de maiores cuidados – ficam apenas com a opção de fazer centenas de quilómetro­s para terem acesso ao Serviço Nacional de Saúde. A resposta para o problema não é simples, com a Ordem e os sindicatos a defender que os fatores de compensaçã­o têm de ser reforçados para garantir mais aceitação. Mas talvez não fosse descabido criar um sistema de deslocaliz­ação temporária para os especialis­tas que trabalham no Serviço Nacional de Saúde. O método de colocação de professore­s podia até servir de base a esta nova organizaçã­o, que nem precisava de ser tão rígida. Poderia passar, por exemplo, por levar médicos especializ­ados em determinad­as áreas a passar um mês por ano nesses hospitais e centros de saúde onde fazem falta. Há outras soluções possíveis, claro, mas não é justo sabermos que as coisas não estão a funcionar e continuarm­os a assobiar para o lado e a pensar que o problema é dos outros.

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