Diário de Notícias

Fernando, o rapaz do Porto que quer continuar a servir Lisboa

Candidato socialista ouviu elogios de António Costa e um desafio militar de Eanes. E quer mudar transporte­s e habitação

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MIGUEL MARUJO Na tropa só há duas maneiras de dizer as coisas: uma mais suave, outra mais dura. Perante o agradecime­nto pelo apoio que o antigo Presidente da República Ramalho Eanes deu a Fernando Medina – na candidatur­a à Câmara de Lisboa que junta PS, movimento Cidadãos por Lisboa, Livre e associação Lisboa Muita Gente –, o general disparou da forma mais dura. “Não me lixe e faça um bom trabalho!”

E para a Câmara de Lisboa parece que só há um candidato, segundo defendeu o secretário-geral do PS: “Não sei se já repararam, mas Fernando Medina é o único que é verdadeira­mente candidato a presidente da Câmara de Lisboa”, defendeu António Costa, que varreu a geringonça que o apoia no Parlamento. Afinal, apontou, “há aqueles que concorrem para recuperar um mandato que por sectarismo perderam em 2007”, ou seja, o BE; “e há outros que concorrem para procurar manter os mandatos que têm”, que é como quem diz o PCP/PEV. Mas sem descuidar das farpas à direita: “Depois, há outros que concorrem para saber quem é hoje mais popular na direita portuguesa aqui na cidade.”

Costa, que foi o antecessor de Medina na Câmara de Lisboa, já nem se lembrava de ter sido autarca, disse. Uma boutade de António, rapaz de Lisboa, para melhor elogiar Fernando, rapaz do Porto que veio para a capital e acabou a gerir a cidade nestes pouco mais de dois anos (desde 6 de abril de 2015, quando Costa deixou a autarquia para se dedicar em exclusivo ao PS). “A cidade já está tão diferente que já nem me lembrava” que também tinha sido presidente da Câmara, disse o também primeiro-ministro. Ou, como tinha dito antes, “transforma­r uma visão em realidade é algo essencial para ser presidente de Câmara e é por isso que o Fernando é um grande presidente da Câmara”.

Já Medina anunciou-se candidato “com um só motivo: servir Lisboa e servir os lisboetas”. E num discurso detalhado sobressaiu o diagnóstic­o que fez sobre a “qualidade de vida de quem aqui vive e trabalha”: “Deixem-me ser totalmente claro. O atual padrão de mobilidade é totalmente insustentá­vel. Diariament­e entram na cidade mais de 370 000 automóveis. Alinhados daria uma fila entre Lisboa e Paris”, exemplific­ou. Faltou durante muitos anos investimen­to no transporte público e, por isso, Medina diz querer mudar para melhor a Carris (agora que a autarquia manda na empresa) e investir mais no transporte público pesado na área metropolit­ana.

Ou a necessidad­e de reforçar o acesso à habitação, cumprindo assim uma “obrigação constituci­onal”, numa altura em que todos se queixam dos preços exorbitant­es. Medina quer “construir cerca de 7000 casas para a classe média, com rendas médias entre os 200 e os 400 euros” e lançar uma figura do “contrato de arrendamen­to de longa duração” ou “duração indetermin­ada”, que dê um regime fiscal mais favorável.

“Lisboa precisa de todos” é o lema da campanha e foi o mote para o socialista apresentar as suas ideias para a cidade. E ontem contou com governante­s e deputados

Costa abraçou Medina e disse já nem se lembrar de ter sido autarca: “A cidade está muito diferente” socialista­s, gentes do desporto (como Dias da Cunha e Luís Filipe Vieira) ou da cultura, como Carlos do Carmo (presidente da sua comissão de honra) e Mariza (a sua mandatária), Luís Represas e João Gil, Herman José ou São José Lapa. Já Madonna apareceu por interposta canção que foi animando os presentes à espera da chegada de Medina e Costa. Hang Up, entoava a cantora que se apaixonou recentemen­te por Lisboa. Medina também quer fazer seu este mote.

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