“O regulador pode chegar um dia e proibir os drones”
Incidentes junto a aeroportos (11 desde janeiro) levam associação a temer mão dura das autoridades. Pede mais sensibilização
CARLOS FERRO A Associação Portuguesa de Aeronaves não Tripuladas (APANT) teme uma intervenção dura das autoridades perante os casos de drones detetados junto a aviões em manobras de aproximação aos aeroportos, como voltou a acontecer ontem em Lisboa.
Este foi o sétimo incidente neste mês e o 11.º desde o início do ano. Durante a manhã, e quando ainda comentava a aproximação de um drone a um avião no domingo, o presidente executivo da TAP, Fernando Pinto, garantiu que a empresa pode tomar medidas contra estes aparelhos se continuarem a entrar no espaço aéreo que lhes está proibido. Já o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, afirmou em Bruxelas que a situação “não pode continuar”.
Estas reações surgiram antes de ser conhecida a aproximação de um drone a um avião da Ryanair – com 162 passageiros a bordo – quando este estava a 500 metros de altitude já na fase de aproximação do aeroporto de Lisboa. No domingo, um avião da TAP, com 70 passageiros, também se tinha cruzado com um destes aparelhos quando se preparava para aterrar e estava a 900 metros de altitude.
Estas situações, e as reações que estão a provocar, levam o presidente da APANT a temer uma ação dura por parte da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC). “Temos de continuar com ações de sensibilização, juntando todas as organizações com uma palavra a dizer no setor. Será muito pior [caso se mantenham estas aproximações ilegais] se o regulador vier dizer que estão proibidos os drones em Portugal”, frisou ao DN Gonçalo Antunes Matias, o presidente da APANT. Regulamento insuficiente A legislação para este setor está a mostrar-se insuficiente pois não inclui regras claras sobre a forma de responsabilização e controlo dos aparelhos. E é nesse ponto que toca Gonçalo Antunes Matias: “O registo do aparelho e do operador tem de ser o primeiro passo, para garantirmos a responsabilização. É importante que as forças de segurança possam identificar o drone à distância.” O dirigente lembra que está em discussão a nível europeu um regulamento para estes aparelhos que será aplicado em todo o espaço aéreo da Europa, mas reconhece que, neste momento, “não existe uma solução imediata”.
Sistema antidrone