BICICLETAS PARTILHADAS
UMA NOVA ALTERNATIVA DE TRANSPORTE EM LISBOA POR 25 EUROS/ANO
Kathleen Campos ganhou há dois meses uma nova rotina. Sempre que faz o percurso entre casa e o trabalho e vice-versa opta por deslocar-se de bicicleta. Um caminho com ciclovia entre o Centro Comercial Vasco da Gama e Moscavide e que não lhe leva mais de “10 a 15 minutos”. Ainda por cima, a jovem brasileira de 21 anos está a aproveitar a experiência de borla, já que se inscreveu para testar o projeto de bike sharing da EMEL (Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa).
A fase piloto do projeto da Gira.Bicicletas de Lisboa, que decorreu nas dez estações do Parque das Nações, tem o seu fim previsto para “o final de setembro”, altura em que vai ter “início a operação comercial com as mais de 1400 bicicletas”, indica ao DN Luís Natal Marques, presidente do conselho de administração da EMEL. Em dois meses (de 21 de junho a 21 de agosto), 4583 pessoas inscreveram-se como Beta testers do sistema de partilha de bicicletas, dos quais 2800 descarregaram a aplicação – essencial para fazer as viagens – e foram realizadas “mais de 17 mil viagens”. Números que mostram “o sucesso desta experiência”, aponta Luís Natal Marques.
Por agora usar as bicicletas – elétricas e convencionais – da EMEL ainda é gratuito, mas quando passar a estar disponível em toda a cidade vai custar 25 (passe anual) ou 15 euros (passe mensal). A este montante estará associado um custo por viagem, mas “o utilizador pagará no máximo 40 viagens, o que dá um valor máximo mensal de quatro euros, no caso de utilizar uma bicicleta convencional, ou de oito euros, caso opte por deslocar-se numa bicicleta assistida eletricamente”, explica o responsável da EMEL.
Embora este serviço se queira constituir como um meio de transporte alternativo, para quem vive e trabalha em Lisboa, vai estar disponível um passe diário para turistas. Com um custo, neste caso, de dez euros.
“O sistema foi idealizado enquanto um sistema de bicicletas partilhadas, as quais deverão ser utilizadas pelo tempo estritamente necessário como alternativa de transporte e não para uma vertente lúdica”, acrescenta Luís Natal Marques. Estando previsto que cada utilizador faça viagens de apenas 30 minutos (e que só depois desse tempo haverá cobranças adicionais ao valor do passe), tendo de colocar a bicicleta na estação e depois esperar 15 minutos até fazer nova viagem, sem custos.
Kathleen ainda não sabe se vai aderir ao sistema quando este for pago: “Se não for muito caro, opto por andar só de bicicleta e deixo o metro.” Esta é a forma de locomoção preferida da jovem, que já a usava no Brasil. “A minha cidade também tinha um sistema de partilha e acho que é muito prático”, defende. Além dos percursos nos dias de trabalho, Kathleen usa também as bicicletas para “pas- seios ao fim de semana”. E elogia o aumento das ciclovias que a cidade teve: “Já dá para ir daqui [Parque das Nações] até ao Cais do Sodré.”
O uso das bicicletas vai fazer-se através de uma aplicação para telemóvel. É com esta ferramenta que se escolhe a bicicleta a usar e que se desbloqueia a estação onde ela está. As estações têm wifi para permitir sempre o acesso por parte dos utilizadores. Pode escolher- -se bicicletas elétricas ou convencionais. E a maior oferta será nas elétricas: das 1410, 940 são assistidas eletricamente e 470 são convencionais. Por toda a cidade vão estar distribuídas 140 estações entre o Planalto Central da cidade, a Baixa e Frente Ribeirinha, o Parque das Nações e o Eixo Central (que abrange as avenidas Fontes Pereira de Melo e da Liberdade).
A localização de todas as estações foi pensada com as juntas de freguesia e para servir também locais onde existem outros transportes públicos. Os locais exatos ainda não estão fechados, uma vez que houve também reclamações por parte de alguns moradores, nas zonas de Alvalade e Avenidas Novas. O projeto inicial previa que as 140 estações roubassem 0,01% dos lugares de estacionamento que existem na cidade, ou seja, 252 lugares, referiu a EMEL ao Público, mas depois das queixas estão a ser procuradas soluções para minimizar este impacto.
Da experiência da fase piloto, os utilizadores lançaram sugestões como colocar um suporte para o telemóvel nas bicicletas, melhorara o cesto que está na parte da frente ou facilitar a retirada das bicicletas das estações e facilitar o ajuste do banco. Na breve experiência do
Contrato para fornecimento das bicicletas e manutenção do sistema custou 23 milhões de euros, com oito anos de duração
DN, foi possível constatar que a retirada das bicicletas é simples, mas que por vezes pode ser mais complicado ajustar o banco.
A circular pelas ruas de Lisboa vão estar as bicicletas da Órbita, marca que ganhou o contrato, válido por oito anos. A manutenção do sistema cabe à Siemens. O contrato para a gestão destes equipamentos, manutenção e reposição representa um investimento de 23 milhões de euros.
O sistema só vai ser aberto a maiores de 18 anos. O horário ainda não está fechado, mas durante esta fase piloto tem funcionado entre as 07.00 e as 22.00. Os utilizadores têm um call center e um botão de ajuda sempre disponível.