Diário de Notícias

A Espanha assumiu no final de agosto o comando da força naval da UE que luta contra a imigração ilegal

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usando a rota ocidental prende-se com a crescente instabilid­ade nos países de origem (maioria vem da Costa do Marfim, da Guiné Conacri e da Gâmbia) e de trânsito dos migrantes. A destruição dos campos ilegais em Marrocos e na Argélia também “empurrou” os migrantes para outras áreas.

Por seu lado, a redução do número de chegadas através da Itália no mês de julho deveu-se às piores condições marítimas no início do mês. Além disso, combates perto de Sabratha, um dos principais pontos de partida, também afetaram as operações de contraband­o de pessoas, com a presença reforçada da Guarda Costeira da Líbia a desencoraj­ar também as partidas. No final de agosto, a agência Associated Press revelou que o governo líbio, apoiado pela ONU, como parte de um acordo com Roma, estava a pagar e a equipar milícias para que estas travassem a partida dos migrantes. A Itália, porém, negou apoiar qualquer acordo do género.

A Espanha tornou-se precisamen­te a líder da força naval da UE que luta contra a imigração ilegal no final de agosto, sendo a primeira vez que um navio espanhol assume esse cargo. O Cantabria, que tem 200 tripulante­s, substitui o italiano San Giusto. O contra-almirante Javier Moreno assume os comandos da força, que conta ainda com mais dois barcos (além do italiano, um alemão) e cinco meios aéreos. “O objetivo não são os migrantes, mas aqueles que estão a fazer negócio com as suas vidas”, indicou Moreno na cerimónia de tomada de posse.

Desde o início da missão da força naval da UE, em junho de 2015, foram resgatadas quase 40 mil pessoas e detidos 117 traficante­s, neutraliza­ndo-se 477 embarcaçõe­s que partiram da costa da Líbia.

Quanto ao número de mortes, desde 9 de agosto que a OIM não tem registo de nenhuma no Mediterrân­eo. Desde o início do ano, foram registadas 2410 vítimas mortais (2244 na rota do Mediterrân­eo Central); no ano passado, até 27 de agosto, tinham já sido registadas 3228 durante a travessia, a maioria (2726) também na rota que liga a Líbia à Itália. SUSANA SALVADOR

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