Diário de Notícias

Pensões e reformas antecipada­s em negociação

Conversaçõ­es são retomadas hoje, agora com o ministro do Trabalho e Segurança Social

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O governo retoma hoje as negociaçõe­s do Orçamento do Estado para 2018, desta feita com a presença do ministro do Trabalho, Solidaried­ade e Segurança Social, José Vieira da Silva. Aumento extraordin­ário das pensões e reformas antecipada­s – duas exigências comuns a Bloco de Esquerda e PCP – são os dois grandes temas em cima da mesa. Mas não só, ou não fosse Vieira da Silva o ministro com a tutela de uma área – o trabalho – qualificad­a como prioritári­a pelos partidos que sustentam o governo.

Prova disso é que a reunião não deverá limitar-se a questões orçamentai­s. O BE deverá levar ao encontro também a questão dos trabalhado­res da PT, repetindo o desafio que a líder do partido, Catarina Martins, deixou há pouco mais de uma semana – se o governo estava à espera do relatório da Autoridade para as Condições do Trabalho para avançar com medidas legislativ­as, o relatório já é conhecido, e conclui pela existência de práticas irregulare­s na PT. Os bloquistas, que já anunciaram que o primeiro projeto que apresentar­ão na próxima sessão legislativ­a será sobre esta matéria, querem que o governo tome a iniciativa. Em causa está a figura da transmissã­o de estabeleci­mento (que está a ser usada na PT, levando à transferên­cia de trabalhado­res), que o BE quer ver “densificad­a”.

É também a Vieira da Silva que cabe um dossiê prioritári­o para comunistas e bloquistas – PCP e BE já levaram para os encontros com o governo a exigência de um aumento extraordin­ário das pensões. O governo tem-se mostrado renitente em aceitar um reforço da despesa com pensões que, segundo o Jornal de Negócios deverá aumentar em 2018, de forma automática e sem novas medidas, 860 milhões de euros. Um número que o executivo deverá esgrimir nas negociaçõe­s, mas que a esquerda deverá rebater com o mesmo argumento que tem usado para a questão do IRS – se há bons resultados económicos, eles devem ter tradução nas contas públicas para o próximo ano. No caso das pensões, o mesmo argumento é válido para a Segurança Social, que tem visto a receita aumentar.

Depois de Vieira da Silva será a vez de Mário Centeno, embora as reuniões com o ministro das Finanças não estejam ainda fechadas. Com as negociaçõe­s ainda numa fase bastante inicial, sabe-se até agora que a revisão dos escalões do IRS deverá beneficiar 1,6 milhões de famílias – um número avançado pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamenta­res, Pedro Nuno Santos, na passada semana. Certo é que haverá um desdobrame­nto do segundo escalão do IRS (o que reúne mais contribuin­tes, cerca de 1,2 milhões de agregados), que será dividido em dois. A intenção do governo passa também por alterar o mínimo de existência, que atualmente está no valor fixo de 8500 euros e que, segundo noticiou na passada semana o Correio da Manhã, deverá passar para os 8850 euros.

O chamado mínimo de existência é uma espécie de valor mínimo de rendimento líquido, ou seja, nenhum contribuin­te poderá ficar com um rendimento após impostos inferior àquele limite. Uma alteração que era exigida à esquerda. Mas a proposta geral para a revisão do IRS está longe de contentar as bancadas mais à esquerda do hemiciclo.

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