Soluções como a Uber podem “dar uma ajuda às cidades para que se tornem mais sustentáveis e menos poluídas”, acredita Rui Bento
O desafio está lançado: durante uma semana, deixar as chaves do carro em casa e deslocar-se só em transportes públicos e Uber. E tendo em conta os resultados do estudo ORB hoje revelado na Europa, o #DitchYourKeys Challenge – iniciativa dirigida a lisboetas e portuenses na Semana Europeia da Mobilidade (de dia 18 a 22) – pode ser o gatilho para ganharmos melhores hábitos.
Em dez mil europeus questionados, os lisboetas são os campeões na utilização diária de carro próprio (71%). No entanto, mais de três quartos dizem que o usariam menos se tivessem uma alternativa como a Uber que lhes permitisse fazer a ponte com uma rede de transportes públicos fiável. Lisboa até é a capital com maior taxa de utilização do autocarro (50%) e a segunda mais alta no uso de metro e comboio (só atrás de Paris), mas a maioria não considera que a oferta de transportes existente seja suficientemente alargada e eficiente para poderem prescindir do seu carro.
“Os resultados deste estudo reforçam a importância de alternativas de viagem fiáveis e económicas”, diz ao DN o diretor-geral da Uber (empresa que encomendou o estudo), que acredita que este tipo de opções pode “dar uma ajuda importante às cidades para que se tornem mais sustentáveis e menos poluídas”. A empresa que lidera, diz Rui Bento, continua “empenhada em contribuir” para retirar carros da cidade. E admite estar a trabalhar “para trazer opções de mobilidade partilhadas como o Uber Pool”.
“Em Lisboa, 56% das viagens na plataforma têm início fora da zona de cobertura do metro e 72% terminam a menos de 500 metros de uma estação”, revela o responsável. Esta necessidade de ligar a estação de metro ou autocarro mais próxima a casa, ao local de trabalho, à escola, ao restaurante, dá à Uber uma vocação enquanto meio complementar e de alargamento do alcance das infraestruturas de transportes.
O estudo da ORB, que aponta que mais de dois terços dos inquiridos já recorrem a aplicações de mobilidade
Rui Bento, diretor-geral da Uber Portugal como alternativa ao carro, contou com a participação de mais de dez mil pessoas entre 18 e 54 anos, residentes em Amesterdão, Barcelona, Berlim, Bruxelas, Lisboa, Londres, Paris, Roma, Estocolmo e Varsóvia. No último ano, a utilização de aplicações deste tipo aumentou 77%, crescimento para o qual a Uber contribuiu, servindo já 673 cidades de 80 países e sendo a primeira app que o utilizador abre quando chega a um aeroporto estrangeiro. À espera da legislação Numa altura em que as cidades europeias estão a discutir e a implementar medidas para reduzir drasticamente os níveis de emissões, e com 93% dos inquiridos neste estudo a admitir terem preocupações ambientais, Rui Bento considera que também aqui a Uber tem um papel. “Lisboa e Porto foram as primeiras cidades do mundo a ter Uber Green (carros 100% elétricos) e os lisboetas já puderam usufruir por duas vezes do Uber Pool, que funciona em 30 das maiores cidades onde estamos e que permite que pessoas que viajem na mesma direção ao mesmo tempo possam partilhar o carro.”
Desde que a Uber opera em Portugal, já teve mais de um milhão de downloads, e o número de motoristas atingiu os três mil. Mas a regularização da atividade ainda não saiu do Parlamento – processo que Rui Bento espera ver concluído “em breve” e de tal forma que “propicie uma sã concorrência e privilegie os interesses de utilizadores, motoristas e cidades”. “Temos acompanhado com expectativa o processo legislativo para a aprovação de um novo quadro regulatório para a mobilidade”, admite, considerando “muito positivo que dois partidos que representam 70% do eleitorado tenham apresentado propostas de lei estruturadas”. “Esperamos que seja flexível, transparente, adequado às realidades e desafios dos dias de hoje e inclusivo de novas tecnologias e modelos de negócio”, conclui o diretor-geral da Uber em Portugal.