Diário de Notícias

Dieselgate: Merkel promete mais 500 milhões contra poluição

Chanceler defende esforço para compensar efeitos do escândalo das emissões poluentes da Volkswagen

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ALEMANHA A chanceler Angela Merkel anunciou ontem um reforço de 500 milhões de euros para o fundo destinado a combater a poluição causada pelos transporte­s, fazendo o valor total subir para os mil milhões de euros.

Em plena campanha eleitoral para as legislativ­as de dia 24, a chefe do governo alemão fez este anúncio após uma reunião com os presidente­s de câmara e líderes regionais no seguimento do encontro realizado em agosto pelos líderes da indústria automóvel.

Nessa ocasião os responsáve­is do setor prometeram rever 5,3 milhões automóveis a diesel, por forma a reduzir as emissões, aceitando criar um fundo com uma dotação de 500 milhões de euros (a que se junta agora igual quantia).

Merkel, líder da CDU, não participou nessa reunião por se encontrar de férias na altura, algo que lhe valeu críticas de nada fazer para reduzir a poluição em cidades onde os tribunais ameaçam proibir os carros a diesel dados os elevados níveis de emissões.

“Temos de fazer tudo para evitar possíveis interdiçõe­s à circulação automóvel. Todos concordamo­s que é preciso fazer um esforço”, disse a chanceler, numa conferênci­a de imprensa conjunta com os autarcas das maiores cidades da Alemanha. Merkel, candidata da CDU/CSU no dia 24, indicou ainda que será realizado um novo encontro com os líderes do setor automóvel após o voto. A chanceler conservado­ra, que procura um quarto mandato, tenta assim fazer face ao chamado escândalo do Dieselgate. Enquanto nos EUA a Volkswagen indemnizou os seus clientes depois de ter vindo a público que manipulou o software de controlo de emissões poluentes nos carros a diesel. Na Europa, porém, tais compensaçõ­es tardam.

No mês passado, o principal rival de Merkel, Martin Schulz, líder e candidato do SPD, tentou capitaliza­r o escândalo a seu favor. “O problema é que nos encontramo­s numa situação em que gestores que valem milhões, na Volkswagen ou na Daimler, descuraram aquilo que é o futuro... e não investiram onde deviam”, disse numa entrevista à ZDF. A tentativa, porém, parece não ter produzido grandes resultados. A avaliar pelas sondagens em que Merkel continua a subir nas intenções de voto dos eleitores alemães.

Na segunda-feira à noite, o ex-presidente do Parlamento Europeu e a chanceler conservado­ra tiveram o seu único debate televisivo na antena da ARD. Mais uma vez Schulz perdeu a oportunida­de e Merkel saiu vencedora. Segundo uma sondagem que foi realizada logo em seguida por essa estação de televisão alemã, 55% dos inquiridos considerar­am que o debate foi ganho pela chanceler e 35% pelo seu rival.

Uma das marcas do debate foram os ataques à Turquia, chegando ao ponto de ambos os candidatos concordare­m que devem terminar de vez as negociaçõe­s de adesão desse país à UE. A reação de Ancara não se fez esperar, com o seu ministro dos Negócios Estrangeir­os, Mevlüt Cavusoglu, a acusar a UE de se virar para “a barbárie e para o fascismo”.

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