Luxemburgo há 56 anos a fazer estragos. Eusébio que o diga
Proeza em Toulouse faz lembrar estreia do Pantera Negra na seleção. Até Ronaldo e Messi já passaram por “vergonhas”
NUNO COELHO Muita gente questiona a opção das instâncias que gerem o futebol de colocar na mesma competição equipas (de clube ou seleções) com uma diferença enorme de potencial. Mas a noite de domingo em Toulouse voltou a mostrar o porquê dessa opção, depois de o Luxemburgo empatar com a França (e ter estado perto de ganhar), num 0-0 que valeu uns festejos dos homens do grão-ducado dignos de uma vitória na final do Mundial. Se é verdade que há poucas surpresas destas, o certo é que, quando as há, o futebol volta a fazer todo o sentido – com autocarro ou sem ele...
Perante cerca de 33 mil espectadores, com uma posse de bola de 73% e mais de 20 remates (um quarto deles enquadrados com a baliza), a equipa de Didier Deschamps foi incapaz de fazer um único golo a um adversário que vencera sempre desde 1914, isto dias depois de ter despachado a Holanda por 4-0. Jogadores contratados por valores astronómicos impotentes perante uma barreira constituída por alguns semiprofissionais de um país minúsculo – o jornal Marca fez as contas e encontrou uma diferença de 399 milhões de euros no valor de mercado das duas seleções, valendo o jogador bleu menos cotado (Sidibé) seis vezes mais do que toda a equipa luxemburguesa. Prova de que o dinheiro ajuda muito mas, num dia especial, pode não chegar.
De qualquer forma, o conjunto orientado por Luc Holtz desde 2010 é uma seleção que tem evoluído. Já nesta qualificação pregou um susto à Bulgária (que só ganhou na compensação por 4-3) e não perdeu com a Bielorrússia (empate fora e vitória em casa) – o que não chega para afastar o escândalo do resultado de Toulouse mas mostra que ali já não são tão “tenrinhos” como os mais desatentos julgavam. Como o técnico português Pedro Caixinha, atualmente no Glasgow Rangers, percebeu quando foi eliminado da Liga Europa pelo Progrès Niederkorn.
“A Europa vai gozar -nos e nós vamos inquietar-nos”, escreveu o diário L’Équipe sobre Toulouse, acrescentando: “Depois de três dias que nos deram a impressão de sabermos as respostas, eis que volta o tempo das questões.” E, com a qualificação quase no final, “o outono será quente” para Deschamps e seus garçons.
Peyroteo e Eusébio