Diário de Notícias

Imobiliári­o anima mercado de fusões e aquisições de empresas

Negócios. Até agosto realizaram-se 236 operações em Portugal, no valor de 11,6 mil milhões – uma subida de 80% em relação a 2016

- ANA MARGARIDA PINHEIRO

Os investidor­es estrangeir­os estão de olho em Portugal e o mercado de compra e venda de empresas não para de crescer. Até agosto, fecharam-se 236 fusões e aquisições (M&A) em Portugal, mais 13,5% do que no mesmo período do ano passado. A dar gás ao mercado está o setor imobiliári­o, mostram dados do Transactio­nal Track Record ( TTR) cedidos ao DN/Dinheiro Vivo.

“O setor imobiliári­o segue como o mais ativo em número de transações em 2017, inclusive apresentan­do um cresciment­o de 22% em relação ao mesmo período de 2016”, adianta fonte oficial da TTR, lembrando que “também foi o setor que registou maior número de transações cross-border inbound”. Ou seja, é o setor que está a receber maior atenção por parte dos investidor­es internacio­nais.

Nos oito primeiros meses do ano, fizeram-se, em Portugal, 39 negócios relacionad­as com o imobiliári­o, tendo 13 empresas passado para mãos estrangeir­as. Os maiores compradore­s do setor vêm de Inglaterra, Espanha e Arábia Saudita. Mas o bom momento do imobiliári­o também está a atrair investimen­to de outros países, nomeadamen­te dos Estados Unidos, da Alemanha e do Luxemburgo.

Só em agosto, a TTR registou duas operações neste setor, uma delas provenient­e do Médio Oriente. No acumulado do ano, os espanhóis são os que mais investem em Portugal, posição que destrona o número um do ano passado, os norte-americanos.

A maior parte dos investimen­tos de aquisição e fusão em Portugal representa­m negócios de elevado valor. Tanto que já foram movimentad­os 12 mil milhões de euros só neste ano, mais 79,9% do que no mesmo período do ano passado. Em agosto, a TTR calcula que os negócios tenham rendido 414 milhões euros. Mas este valor é inferior em mais de 85% ao gerado no ano passado, quando, em vez de 15 operações, Portugal registou 52.

A consultora ainda não escolheu a “transação do mês” de agosto. No entanto, em julho, quando se registaram 37 operações de fusão e aquisição, a mais relevante foi o investimen­to de 15,6 milhões de euros da Vinci Airports, que detém a concessão de todos os aeroportos portuguese­s, na compra de uma participaç­ão de 51% no capital social da LFP – Lojas Francas de Portugal à TAP.

Um mês antes foi a venda do Novo Banco Ásia que mereceu destaque. O banco de transição encaixou 145,8 milhões com a venda de 75% do capital à Well Link Group, sociedade com sede em Hong Kong.

Desde 2015 que o investimen­to de empresas em imobiliári­o se mantém na liderança das operações feitas em Portugal, o que reflete a recuperaçã­o do setor depois do forte abalo da crise. Nesse ano, registaram-se 46 operações, um número que subiu para 50 no ano passado. Mas se o ritmo de cresciment­o atual se mantiver, o fecho deste ano voltará a ser positivo.

Em 2013 e 2014, a tecnologia era o setor que gerava maior interesse por parte das grandes empresas, mas o fenómeno perdeu gás nos anos seguintes, com as finanças e seguros a assumirem um maior destaque entre os negócios. Neste ano, o setor financeiro volta ao segundo lugar, registando já 22 transações até agosto.

O cresciment­o das vendas está a agitar os escritório­s de advogados que assessoram estes negócios. Até agosto, a Vieira de Almeida e Uría Menéndez – Proença de Carvalho e Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva (MLGTS) e Associados foram os que lideraram em valor das transações. Por número de vendas, o top 3 é ocupado por Garrigues, PLMJ e MLGTS.

As perspetiva­s para a segunda metade do ano são positivas. “Creio que o cresciment­o na área de M&A verificado no primeiro semestre de 2017 se deve manter até ao final do ano, com especial enfoque nos setores imobiliári­o, turístico e energia”, antecipa Francisco Xavier de Almeida, sócio corporate da CMS Rui Pena & Arnaut.

“Outros setores vão também estar ativos, como o financeiro, com a conclusão de processos em curso (Novo Banco, Montepio, Banif Investimen­to) e novos processos de venda, como a alienação do capital social do Banco Primus e do Banco Efisa”, sublinha Francisco Xavier de Almeida. Para este advogado, “as vantagens competitiv­as de Portugal variam consoante o setor, mas o fator preço/rentabilid­ade é transversa­l a vários”.

Houve 39 negócios no imobiliári­o até agosto. Inglaterra, Espanha e Arábia Saudita foram os maiores investidor­es estrangeir­os

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Desde 2015 que o imobiliári­o lidera o número de transações

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