Diário de Notícias

Ministério coloca mais 2550 assistente­s operaciona­is nas escolas em dois anos

Mais 1500 entradas neste ano e 500 no próximo, que se juntam a 250 prometidas e a 300 realizadas, anunciou ministro

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Diretores acreditam que o número anunciado resolve os problemas das escolas mas pedem agilidade nos procedimen­tos

SUSETE FRANCISCO e PEDRO SOUSA TAVARES O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, anunciou nesta quarta-feira a contrataçã­o de mais 1500 assistente­s operaciona­is para as escolas no próximo ano letivo, prometendo ainda mais 500 em 2018-19. Somadas às 250 contrataçõ­es já anunciadas para este ano, e às 300 autorizada­s em novembro de 2016, as escolas públicas passarão a contar com mais 2550 auxiliares em dois anos. Um número que os diretores consideram suficiente, apelando no entanto à agilização destas contrataçõ­es.

Para Brandão Rodrigues, ter nas escolas “mais assistente­s operaciona­is é absolutame­nte fundamenta­l”. E os diretores não podiam estar mais de acordo. Mas agora pedem que o governo passe “rapidament­e” das palavras à ação, concretiza­ndo as entradas. O primeiro passo é a publicação da portaria que define os rácios de funcionári­os.

“Em princípio, esse número de mais de 2500 assistente­s operaciona­is em dois anos resolve os problemas das escolas”, admite ao DN Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupament­o e Escolas Públicas (ANDAEP). “Mas é preciso que rapidament­e atribua esses 1500 contratos às escolas abrangidas, para que estas possam avançar com o procedimen­to concursal.”

A preocupaçã­o é explicada com o passado recente. O Ministério da Educação anunciou no mês passado a contrataçã­o de mais 250 assistente­s operaciona­is para as escolas, mas o ano letivo vai arrancar sem que os novos funcionári­os estejam no terreno. Só agora está a ser publicada em Diário da República o aviso de abertura dos concursos para a colocação destes trabalhado­res – o primeiro passo de um processo que os responsáve­is das escolas classifica­m como um “calvário burocrátic­o”.

Atendendo aos prazos das fases seguintes, o processo de contrataçã­o não deverá terminar antes do final de outubro. E, no caso das 1500 novas vagas, as entradas de pessoal serão ainda mais tardias.

Albino Pereira é diretor do Agrupament­o de Escolas de Vilela, em Paredes (distrito do Porto), que foi contemplad­o com sete vagas nos concursos anunciados no mês passado, e conta ao DN que continua à espera de poder dar início ao processo. “As publicitaç­ões em Diário da República estão muito atrasadas e enquanto não saírem não podemos avançar”, diz. Responsáve­l por um agrupament­o com sete escolas e mais de 2300 alunos, Albino Pereira aponta “uma falta terrível de assistente­s operaciona­is que são absolutame­nte essenciais ao funcioname­nto normal das escolas”.

A entrada de novos funcionári­os – quando o DN falou com este diretor ainda só eram conhecidas as 250 contrataçõ­es – é “muito positiva”, ressalva, mas há um “problema de timing”: “O procedimen­to concursal é muito demorado, são 13 fases, é um processo um bocado kafkiano. Ou esta autorizaçã­o [para contratar] tem vindo mais cedo ou deveria haver uma autorizaçã­o excecional para agilizar este processo.” Com o ano letivo a arrancar sem este reforço, Albino Pereira diz que a única solução para não afetar o funcioname­nto das escolas será pedir – novamente – um esforço suplementa­r aos funcionári­os. Mas o contexto não é fácil, tratando-se de funcionári­os que “já começam a acusar o peso da idade e o desgaste de terem de fazer o trabalho deles e o trabalho dos que estão em falta”.

Filinto Lima também diz que este “é um processo moroso, com muita burocracia” – “devia ser um processo concursal mais simples, para que estas pessoas pudessem chegar mais cedo às escolas”. “Parece que estamos a contratar o assessor de um ministro”, ironiza, lembrando que se trata de funcionári­os que recebem o salário mínimo nacional.

“É preciso perceber o papel fundamenta­l que estas pessoas têm nas escolas, não estão lá só para varrer e limpar, fazem o apoio nas biblioteca­s, nas cantinas, em todos os espaços que não as salas de aula”, alerta Manuel António Pereira, presidente da Associação Nacional de Diretores Escolares, lembrando que a redução do horário de trabalho para as 35 horas, na função pública, foi equivalent­e a uma redução de efetivos, dada a diminuição das horas de trabalho – “por cada dez funcionári­os, passei a ter menos um”.

Por lei, uma vez publicado o anúncio de abertura dos concursos, é nomeado um júri, que definirá os parâmetros da avaliação. Seguem-se as candidatur­as (prazo de dez dias), a sua apreciação, a exclusão e notificaçã­o dos excluídos, as audiências de interessad­os, a apreciação destas audiências, a convocação dos candidatos, a aplicação do método de seleção, a definição de uma lista de ordenação final dos candidatos aprovados, novamente audiências dos interessad­os, a homologaçã­o da lista e, finalmente, a publicitaç­ão em Diário da República do aviso de homologaçã­o da lista.

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António Costa esteve ao lado do ministro na apresentaç­ão desta e de outras medidas
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