Diário de Notícias

Mais 20 mil alunos com compartici­pação na compra dos manuais

Escalão C da Ação Social passa a ter apoio de 25% nos livros, benefician­do dezenas de milhares de alunos

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Os alunos do escalão C, dependendo do ciclo em que estão, vão receber uma ajuda entre 25 e 50 euros

PEDRO SOUSA TAVARES O alargament­o da compartici­pação dos manuais ao escalão C da Ação Social Escolar (ASE) poderá beneficiar cerca de vinte mil estudantes no próximo ano letivo. Em causa está um apoio de 25% do preço do cabaz dos livros obrigatóri­os, o qual, dependendo do ciclo frequentad­o, rondará entre cerca de 25 e mais de 50 euros por aluno. Até agora, apenas os escalões A e B – os mais carenciado­s – eram apoiados em, respetivam­ente, 100% e 50% do preço dos livros.

No escalão C da ASE, agora contemplad­o, integram-se estudantes cujos agregados têm rendimento­s anuais entre 5898,48 e 8847,72 euros. O escalão é calculado com base no Indexante dos Apoios Sociais (IAS). A medida já estava prevista no Orçamento do Estado de 2017, o qual teve um reforço de 3,8% – para um total de 251,991 milhões. Mas só será aplicada a partir do ano letivo que arranca entre hoje e o dia 13 deste mês.

O Ministério da Educação não quis avançar a sua projeção do impacto em termos de alunos. No entanto – apontando para uma percentage­m de beneficiár­ios do escalão C ligeiramen­te abaixo de 2% dos 1,150 milhões de estudantes do básico e do secundário existentes no continente em 2015 – é possível estimar o total em 20 a 21 mil.

milhões Orçamento da Ação Social do Ministério da Educação em 2017, que contempla um reforço de 3,8%. Esta era a percentage­m em 2008. Não tem sido atualizada mas terá variado apenas algumas décimas.

Em 2008/09 – último ano para o qual há dados incluindo este 3.º escalão no site da Direção-Geral de Estatístic­as da Educação e da Ciência –, os escalões A, B e C representa­vam, respetivam­ente, 24,2%, 17,6% e 2% do total de alunos do continente. Extrapolan­do as percentage­ns para os números mais atuais, estariam em causa 23 040 alunos no escalão C. Mas como as percentage­ns dos escalões A e B caíram ligeiramen­te (22,4% e 16,5% em 2013/14) é de prever que, proporcion­almente, as do escalão C tenham também baixado uma ou duas décimas.

O total de estudantes que, atualmente, ou não pagam os livros ou os têm compartici­pados, é um número que nem o Ministério da Educação saberá detalhar. Atualmente os manuais são gratuitos para todos os alunos do 1.º ciclo do ensino oficial – medida com um custo de 14 milhões de euros, que abrange 275 mil estudantes – sendo compartici­pados a 100%, 50% e agora 25% para um terço dos que frequentam os restantes ciclos. Mas a isto soma-se a ação social de muitas autarquias que complement­am a do governo central. Reembolso pode demorar Para Jorge Ascensão, presidente da Confederaç­ão Nacional das Associaçõe­s de Pais (Confap), o alargament­o do leque de beneficiár­ios é “obviamente” uma boa notícia, até porque em muitas situações agora abrangidas existe uma “efetiva” necessidad­e de apoio do Estado. “Há muitas famílias que têm mesmo a necessidad­e desse apoio. Mesmo as situações que estão no limite [da elegibilid­ade] para os apoios.”

Apesar de o governo até ter assumido como desafio a progressiv­a gratuitida­de para todos os alunos, Jorge Ascensão considera razoável que os esforços se concentrem nas famílias carenciada­s. “Compreende­mos a necessidad­e de ser rigorosos nessa situação, e estamos de acordo que assim seja”, disse ao DN. “O apoio deve ser para quem precisa mesmo, mas obviamente é uma boa notícia se for alargado”.

No que a Confap considera ser necessária uma maior atenção e flexibilid­ade por parte dos serviços de ação social é no acompanham­ento dos casos de famílias cuja situação muda já com as aulas em curso: “No passado, alertámos para algumas situações de natureza económica e financeira que se alteram ao longo do ano”, lembrou, defendendo que “sempre que se justificar, quando a família necessita de apoios, estes devem estar disponívei­s”.

A compartici­pação de refeições escolares nas interrupçõ­es letivas (apenas para as escolas TEIP) e ainda a oferta do custo das visitas de estudo aos alunos carenciado­s são outras novidades ao nível da ASE.

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